Ensaios da alma IV
1. Éh
amigos que me acompanham atentos, sem vocês jamais conseguiria colocar para
fora sentidos sentimentos, então fica o convite para continuarmos juntos
temperando caldo quente em nossa cozinha comum, pois a mesa do vizinho
encontra-se desocupada a espera do
convite,,,
2. Estranha
a ação do poeta, há quem diga difícil, outros de menos valia no mundo do ter para
se tornar alguém de status e influência social. Ah! Sociedade de consumo,
porque ralha tanto, se soubesse que apenas uma coisa é necessária, cultivar a
alma, o calor humano e tudo seria mais esplendido, sustentável, e equânime sob
todos os pontos de vista, inclusive financeiro.
3. Mas
na antítese aparece o poeta para estragar o prazer da moçada e dizer palavras
faraónicas, ih ih ih ! Fazer o que? Parece sina e não há como negar que ele
manuseia com tato e gosto pensado insumos não perecíveis, críveis aos olhares
atentos de uma dama de beleza singular: a inspiração!
4. E
vamos que vamos assuntar o tempo, escancarar este sujeito (a) e encontrar os
elementos secretos de sua pintura em ação, não importa seu nome, fama e
nascimento, ele ou ela, eles e elas aparecem ao longo das eras históricas
sempre carregam uma característica comum: a essência pura e simplesmente, tornam- se uma ‘espécie
de antena delicadíssima de seu tempo, moram no alto das torres e atraem a si as
dores alheias, que os fazem morrer de dores que não são suas.’( Rubem Braga).
5. Funciona
mais ou menos assim: vem uma ideia do nada, ele põe-se a anotar prontamente no papel gipseo , depois alinhava o texto,
acentua as tonalidades, colore os matizes para depois oferecer na grade da
comunidade onde vive sua despretensiosa criação...
6. Sempre
passível de ajuste, sempre interativa pois visa não glória pessoal mas a
concretização do mundo bom para todos, ah! Os discursos enfatuados ele deixa em
outra mesa bem longe de sua cozinha.
7. Os
olhares atentos da inspiração o acompanham, ele procura se fazer entender e
trava um colóquio ameno com as letras soltas na liberdade de sua expressão lírica.
Aliás quem melhor que sua companheira para alegrar seus dias, noites e com ela
sonha sonhos maiores e ao acordar, deixa seus lençóis quentes e passa a mimar
seus filhos: os versos ao amanhecer.
8. Poeta,
esta profissão abstrata a mais não poder, concreta que colhe as rosas no
asfalto da angustia humana e as transplantam com acuidade para o jardim do
mundo das idéias, lá em companhia de uns poucos loucos como ele, as colore,
apara, afasta delas os espinhos e bafejadas pela inspiração incipiente faz dela
surgir poemas a saudar as rimas do coração.
9. Assim
é, e assim será para todo o sempre, desde, O rei Salomão, as Iliadas, Virgilio, Eça de Queiroz,
Cornélio a Lápide, Tomas de Aquino, Boaventura, Claraval, Platão, Aristóteles, Bella Spanca, Frida, Cora Coralina e Cecilia, Vieira e Bernardes, hoje com Antonhy Kiss até o último e solitário peregrino da letras livres,
acontecerá a sucessão da épica função de pintar quadros com o pouco de tinta
fresca que sobejou da mesa do Grande Artífice.
10. Uma
façanha empírica em constante evolução, uma estirpe humilde, sem ganhos e
capital mas como só ninguém conseguem na esfera terrestre realçar o matiz
necessário, na terra, no mar, no ar e dar cor, brilho ao seu parecer anímico e
plasmar na criação o verbo do sorriso, a melodia do coração.
Helder Tadeu
Chaia Alvim
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