quarta-feira, 6 de março de 2013

Manifesto Augusta: mesa 18

                                     Manifesto Augusta: Mesa 18
     
1. Gente sensata o que pensar? O que fazer? A rua mais paulista de todas está morrendo à míngua sem perceber. Um pedaço de São Paulo enclavado no metro quadrado mais caro da America Latina, nem por isso engrandece seu chão de outrora. Explico-me nesta ótica de um poeta minimo que reside por lá  mais de 20 anos, hoje ela está conceitual, na verticalidade de seus novos anseios esquece o que a popularizou foi justamente seu veio cultural intenso, sua valorização democrática aos artistas de rua e sua valiosa criação artesanal.

2. O corredor cultural: sonho que acalentou no passado parece estar cada vez mais distante de seus novos gostos e preocupações. Presenciei na segunda feira passada a administração pública solicitando a retirada do material confeccionado por dois artistas de rua que costumam expor seus trabalhos de primeira linha em uma  parede da rua augusta: Moisés Sousa e Fernando Chapeleiro.Ontem foi a vez do casal Fernando e Alessandra, artesãos - que tem um trabalho genial - serem abordados pela Policia Militar com a solicitação da imediata retirada de seu material de exposição.


3. Esta chamada neste blogger 365 dias de poemas  é um alerta e um apelo veemente em prol da arte sem fronteiras e sem coibições na rua que amamos e almejamos vê-la cada vez mais colorida de traços originais, cada vez mais paulistana e porta do mundo, cada vez mais charmosa e caminhando para a plena realização de seu sonho latente.


4. Querem matar um povo sem utilizar um cartucho de bala sequer? Minai sua cultura, sua alma, suas raízes e o resto ou seja a alienação incipiente se fará presente com sua inconsequência crassa! Será que os poderes constituídos, a sociedade, não enxergam a projeção da arte, a necessidade premente de sua convivência para a elevação desta  rua que já não pertence a uma parcela, mas que poderíamos nominar como patrimônio cultural do passado no presente com vistas ao futuro?


5. Uma rua como já presenciei, tantas vezes, tão tolerante, tão boêmia, tão acolhedora e cativante, que com um pouco de jeito, incentivo público e da iniciativa privada e com um toque especial de arte poderá transformar-se num CORREDOR CULTURAL  para a AMERICA LATINA.


6. Uma rua que guarda histórias, uma rua insone e barulhenta, uma rua que sabe reunir numa boa tão variados gostos numa junção perfeita da variedade na diversidade, qualidades tão importantes neste universo de contrastes e afirmações contrárias ao bom senso e a harmonia social, como estamos vivenciado nestes dias de caos em ebulição.


7. Então resta saber que rumos a Augusta quer? Que permaneça nela com livre trânsito o chapeleiro Fernando, o artista plástico Moisés, o moço do caleidoscópio, os livreiros,os autores, os artesãos Fernando e Alessandra, e outros mais e suas canções, ou o prevalecimento do concreto vertical sobre as mentes de um povo artista por natureza?


8. Uma rua fechada em si ou aberta para a arte autêntica destes bons moços que pleiteiam seu lugar ao sol como cidadãos do bem, antenados no mundo bom das certezas empíricas? Uma rua de livre trânsito e expressão cultural que valorize seus músicos do arrimo, artesãos do talhe, costura, literatura e letras soltas? Uma rua exclusivamente do burocrata concreto protendido ou, ou vale a pena frisar sem desmerecer outrem, uma rua também  de brilho, otimismo, afirmando as noções de sintonia, dado sua vocação inata de ser porta aberta para a Arte Total?


9. A questão maior, a meu ver, está num impasse, uma Augusta de raízes culturais florescentes aberta num corredor cultural solidário para todos? Ou uma rua anômala sem face e sem gosto? Acho que o senso comum escolheria se lhe fosse outorgado opinar por uma Augusta Solidária na Arteee!!! E você?


10. Ela viu passar outrora Plínio Marcos, Raul Seixas e está prestes a fechar seus olhos para a luz que emana dos novos artistas da cidade de São Paulo, a trancar seu coração para o novo movimento e-arte, quiçá neste momento crucial para a cultura onde a essência se pulveriza em interesses financeiros em prejuízo do consciente coletivo.


11. Em última análise se ficar o materialismo do consumo come, se correr a arte alcança. Então porque não optar pela segunda chance e cair nos braços da pacífica metamorfose universal, daquela oriunda do Autor da Criação que não assinou sua maior obra prima: a vida humana. Então amigos sensatos se concordam é  só  divulgar... divulgar... pois este texto pertence à coletividade na fôrça intrínseca de suas canções e ações.


12. Porque mesa 18 ? Indagarão os amigos solidários que por lá transitam e hoje tomam conhecimento deste manifesto aberto à população,à imprensa, às empresas estabelecidas e ao poder público, este último  constituído pelo sufrágio popular das urnas, que deve resguardar o bem comum e que comanda uma cidade extensa, próspera, sui generis, acolhedora e de repercussão internacional. No caso específico deixar rolar o talento dos artistas e mesmo organizá-los, apoiá-los, pois justamente onde o poder não chega a arte com seu tato e calor deixando por onde passa o frescor de suas manhãs, o zênite de sua graça e o aconchego de suas noites líricas.


13. Sim a ideia nasceu na mesa 18 de um bar  na Augusta e os poetas do guardanapo, frequentadores assíduos  do BH, entre outros: Canuto, Roberto, Custódio, Ludwig, Vinicius, Fernando, Débora, Aislan, Moisés, Paulo, Toninho, Felipe, Cicinho, Paloma e Paulo Henrique me inspiraram a redigir este texto que guarda o único escopo de difundir a arte de fato  e sua cultura de múltiplas manifestações.


14. O movimento e-arte não pertence a mim, a eles, mas encontra-se aberto a todos os cidadãos que repartem calor humano, compreensão, interatividade e anseios de uma sociedade livre, cordata, plugada no bem comum. E inserida nesta realidade cativante está a Arte com todas as suas variações na perenidade de suas canções em todos os tempos e lugares.


15. Os signatários deste manifesto não vão se arrefecer mediante a truculência daqueles que deveriam por direito e justiça apoiar esta e outras iniciativas que visam exclusivamente divulgar o nome e a essência de uma das ruas mais paulistanas da Metrópole de São Paulo, mais vocacionada para se tornar o eixo de ligação entre o passado no presente de um futuro promissor, onde a arte e as canções façam parte criativa de sua evolução e tragam acertadas soluções.


16.Tão bom seria que houvesse um consenso duradouro e eficaz na fala e ação dos que frequentam a Augusta que amamos e queremos ver cheia de garbo e beleza e não a situação atual de marginalização da arte em fatos concretos.


17. O corredor cultural, se implantado, daria rédeas soltas ao talento inerente aos jovens, adultos, crianças e suas composições e projetaria dona Augusta como polo  inconteste de cultura e a rua do mecenato  doméstico e internacional, protetora e incentivadora do mundo bom das certezas empíricas.


18. Enquanto isso estaremos na mesa 18 na pacífica e firme resolução de nos empenhar para que surja este dia do sonho: Augusta Solidáriaquando fará  sua travessia gloriosa para os braços da melhor de todas as possibilidades: a Arte Autêntica e Simples, sem composições que destoem de sua concepção primeva.


19. Somos de luta, somos da paz, somos da cidade, somos do sertão, somos brasileiros, somos sul americanos,  somos de todos os lugares, somos de todos os tempos, somos de todas as nações, gostamos de todos os sons, amamos todas as cores, abraçamos todas as diversidades culturais.


20. Há quem vá pensar, e  por respeito obsequioso à criação do poeta não irá externar o seu pensamento, mas no fundo achará ser inviável o projeto 'Augusta mesa 18' ora delineado e a espera da anuência de todos quantos amam a arte e as canções e fazem dela o objeto de um oceano de puras paixões.


21. Para refrescar sua memória e com o respeito devido peço vênia para prosseguir lembrando em traços gerais  a gesta de outros e outras ao longo da história e que hoje fulguram no firmamento da Grande Arte como estrelas de primeira grandeza e ninguém conseguiu fazer sombra ao que plasmaram no planeta chamado Terra.


a. Não fora Platão autor dos diálogos e a sua teoria das idéias responsável pela origem do pensamento? E Sócrates, filho de um escultor, o criador da filosofia ocidental? Também o romano Cícero, orador e grande propagador da cultura filosófica helênica não sacudira Roma com suas Catilinárias? e Catão não influenciara os romanos com sua obstinada frase: 'Cartago est delenda!' E a arte da hermenêutica não destrinchara 'Iliada' com esmero e satisfação?


b. E Camões não cantara em versos rimados a glória de um povo que à partir de promontório de Sagres com denodo, esforço e audácia conquistara os quatro mares e além... E Cid o campeador não é a menção bravia das terras de Espanha? 


c. Van Gogh, da Vinci, Michelangelo, gênios revelados da pintura não tiveram um começo   difícil e se tornaram geniais? e Joham Sebastian Bach, o homem das mil composições e sua busca primorosa pelo acordão perfeito, sofreu lá seus revezes mas triunfou na 5ª essência de seu talento?


d. E Tomás de Aquino em sua visão visum placet não alicerçara a matéria em forma concretas? E Agostinho de Hipona, gênio inconteste não sublimara o tempo em suas confissões séculos a fim?


e. E Isabel não aureolou os irmãos de África Bendita? E Euclides da Cunha não esteve pleno em escrever sobre o sertão brasileiro? E Machado de Assis não nos legou sua obra monumental e está no parnaso da imortalidade?


f. E Cecília não cantara magistralmente o silencio, amigo das coisas fugidias, no doce  delírio do seu sangue ritmado... E Laura Alvim na cadência poética não maravilhou seu tempo e abriu sua casa no Rio de Janeiro para hospedar a arte em suas composições perenes? E Chiquinha Gonzaga não afirmara a força e a supremacia da mulher muito antes do feminismo? E Elis Regina na fascinação de sua voz não cantou a arte sem igual?


g. E Plínio Marcos estreando seus passos no palco das plateias embevecidas não começara com uma mesinha na porta do Cine do Banco Nacional na Rua Augusta e depois rompera as barreiras de Brecht e Stanislavski?


h. E Raul Seixas, ícone merecido do rock nacional até hoje perdura em nossas mentes incitando todos aqueles artistas lúcidos a continuar a trajetória 'na voz que canta, na voz que dança tentando outra e outras vezes até atravessar a ponte, pois nada acabou.'


i. E hoje em dia o patrício, poeta e compositor Almir Sater não resgatou a viola de dez cordas do sertão iluminado em sua maravilhosa carreira musical? E o saudoso compositor Emílio Santiago não cantara o sentimento... de importância vital? 


j. É por isso que eu digo a gente não escolhe a arte, ela é quem escolhe com quem quer andar e  a partir daí as possibilidades se multiplicam, mas é mister um começo ou pontapé inicial e ter a sacada de afastar a pedra de tropeço... 


22. Meus amigos que me acompanham atentos, sem vocês não teria motivo e alento para expor sentidos sentimentos na ânsia calma de dizer se eles em carreira solo conseguiram o patamar, porque os Artistas Unidos da Augusta Paulistana não conseguiriam deixar sua mensagem e apresentar seus trabalhos de criação? 


23. Ah! é bom lembrar que um dia a inspiração  passou no caminho deles e eles tomaram posição, levaram solavancos, dormiram noites mal dormidas, muitas incertezas até amanhecer o dia de luz definitiva nos braços da melhor de todas as amantes: a doce arte!


24. Está ficando extenso o manifesto e vou tentar agilizar  pois de nada adiantaria palavras bem costuradas se batessem em seu coração, leitor que considero mentor deste texto, e não encontrassem a devida ressonância poética. Se  destas linhas não saírem a tão almejada conjugação de esforços em comum em prol da rua Augusta de nada valeriam.


25. Para o bem e para o mal sempre existiram pessoas que deram o primeiro passo, sendo que a história os julgará posteriormente  e categoricamente revelando seus rins e corações! A atual ação nasceu de conversas na mesa 18 do bar BH - (aliás a galera que trabalha lá está de parabéns e nunca vi tanta gente alegre e artista trabalhando junto.) Toninho e Carlinhos  que o digam!!! 


26. O mérito deste poeta mínimo que mora na Augusta por mais de 20 anos consiste tão somente em ter captado o anseio de todos e tentado traduzir em linhas mais ou menos rimadas sem perder a essência captada e elas pretendem na clara e insofismável direção de sua visão compartilhar a arte aglutinada em torno de suas múltiplas modalidades à moda de Hermann Hesse, quando vislumbrara o encontro da Grande Arte e sua função social na sociedade dos artistas unidos.


27. O tempo vai e carrega em seu alforje as boas ações dos homens e suas intenções de  abastança participativa e volta  em sua evolução contínua trazendo o resultado do plantio   despojado de lucros incessantes e no meu entender já que temos que viver, vamos viver com um motivo a mais sem curtir o pranto amargo, sem saber o que é solidão, vamos atuar e presenciar os pássaros enxergando novamente, os rios soberanos se encontrando, a amada rima fazendo sua morada nos abismos melífluos sem casuísmos.


28. No reverso a vida continua seu curso normal, afinal desde que o mundo é mundo a legião dos poetas cantaram seu canto, elucidaram seu pranto com arte, talento e engenho, qualidades que não tenho, mesmo assim me empenho em vender meu peixe, não nas tendas de célebres xeiques, mas no recôndito mil vezes suave de sua atenção.


29. O mais seria especulação, o mais seria uma manifestação sem lastro, o cerne exposto sem os elementos intrínsecos do motor que propulsiona in fieri a geração de artistas em todos os tempos e lugares, o mais seria o prego sem estopa que a curva do tempo apagou, o mais seria olvidar a função quase lúdica do engraxate Cicinho de alcunha sapatinho, de Felipe, o jovem a espera de valorização, de Messias, o repentista do triângulo, do prestativo Habibb das flores   augustosas  e tantos outros que o Corredor supracitado impulsionaria a correr pelos caminhos da realização.


30. No terreiro da Augusta vimos uma disposição da alma coletiva sinalizando a  saída honrosa para a harmonia universal que quer uma  Augusta em prosa e verso cantada, quer uma Augusta solidária, tolerante, bondosa, compreensiva e intuitiva como sempre foi e enlaçando seus artistas com o calor que é a sua característica secular. E quantos vierem a passar por lá poderão dizer: o futuro chegou, simplesmente e nada mais!


31. Sim, se fosse dado a esta Rua chamada Augusta falar e certamente diria na sua salutar e genial intuição prática, personificando seu dom de raiz cultural empírica: - Oh! Ciccillo Matarazzo, Cecilia Meirelles, Cora Coralina, Salvador Dali, Humberto de Campos, Di Cavalcanti, Oswald de Andrade, Drummond, Tarsila, Lina Bo Bardi, se me fosse outorgado fazer-lhes um pedido: seria que uns respingos de suas cores vivas tonificassem meu corpo e me transformassem  na Augusta pós moderna na voz e canto dos artistas do meu povo!


32. Assim vamos explanando o manifesto augusta  e a conversa nossa reveste-se de saudade pois foi muito bom eu ter falado exaustivamente e você ter ouvido pacientemente o que demonstra que a empatia surgiu na amizade deste longo e caloroso abraço de união em torno de objetivos comuns, amanhã será minha vez de confidente e para isso existe a tal mesa 18 estrategicamente posicionada na esquina de uma rua sem ambição de aparecer a não ser  com a intenção de espairecer...


33. A expectativa é grande e a esperança que a sã consciência prevaleça em meio ao caminhar apressado de pessoas das mais variadas expressões faciais, das mais diferentes condições sociais, gostos e opiniões que circulam noite, dia, madrugadas, manhãs. Pessoas com capacidade de interação incrível e coração aberto propenso em ouvir, olhar no olho do irmão em qualquer circunstância, guardando a individualidade de cada um.


34. A retomada do fazer artístico nesta rua exponencial seria o que de melhor se teria notícia neste panorama de desencontros que ora palmilhamos, uma retomada que englobaria a música, teatro, poesia, artesanato, literatura, artistas de circo, skatistas do esporte radical, pintores e outros artefatos na grande ciranda de versos em borbotões.


35. Nesta junção, diríamos perfeita, estariam de mãos dadas, ombro a ombro, mão a mão, coração a coração a harmonia, a paz, a solidariedade, a oportunidade para novos talentos, a revelação de veteranos da estrada do quilate de Adler São Luis, músico da 'substância rara', autor e compositor de nomeada, parceiro de jornada lírica, cabra bom e talentoso e outros amigos da Augusta que afirmariam e negariam na apoteose de conhecimentos adquiridos, na autoridade fundamentada em sua incrível brasilidade.


36. Assim sendo os poetas do guardanapo da mesa 18 do aconchegante bar BH se dariam ao luxo de observar o movimento calmamente e em seguida emitir em uníssono um grande salve de louvor e gratidão a todos que contribuíram para a realização permanente do sarau  lítero - artesanal - teatral - musical - circense gravado em traços indeléveis de cores vivas na tela que aconteceu... Seria a celebração do encontro entre o concreto e o abstrato numa cooperação sem precedentes na era quântica dos nióbios.


37. Mas, mas... se a ideia não vingar? Se os pássaros continuarem sem enxergar a luz? Se os rios do desencontro tomarem rumos diferentes? A rima terá desaparecido e restar-lhes-á um guardanapo para repartir entre si e enxugar as lágrimas destes poetas sem povo, voz e razão! Eles 'fecharão suas pérolas em conchas' e anotarão em seu caderno acanhado palavras de desolação sentida... Mais nada além de esperar os sinais do tempo soberano...


38. A rua mais augusta de todas se tornaria para eles, personagem de um romance que não fora escrito, nem vivido intensamente em seus acordes maviosos, claves de sol, paixões líricas e tudo o mais! Na melhor da poiésis  os arredores de uma cidade que não existiria concretamente.


39. Ou quem sabe uma partitura inacabada de uma canção desconhecida, a sonoridade não dirimida nas galerias do coração e na confluência triste da constatação os créditos na versão correta não seriam auferidos pelos mecenas em potenciais e os ventos da inspiração imigrariam  sim para outra região anunciando o início do fim... 


40. Acabariam, seu moço, as intuições de uma rua, suas canções de arrimo, seu brio de rimas acima de um momento que não será mais dela e sim do concreto sem a leveza do abstrato de sua alma ora desfigurada. 


41. Há de se supor que os vaga lumes solidários permaneceriam por lá brilhando na escuridão  das noites frias de incertezas para seu povo, sinalizando sem cessar aos retardatários do ter a travessia segura para Crisálida dos Pirineus. Já as rimas cessariam de existir pois fracassaram no sonho de fazer acontecer para ser...

  
                                            À guiza de conclusão

42. Não fora às margens do mar de Tiberíades que o Caminho, a Verdade e a Vida, o Cristo Senhor reunira doze iletrados pescadores com a missão quase impossível de difundir no orbe inteiro o reino do outro mundo aquele que as traças e os ladrões não abocanham para si? Parece paradoxal, mas não o é e transcorridos dois milênios de sol, poesia, chuvas torrenciais, acontecimentos os mais variados possíveis, hecatombes nucleares anunciadas, descrença generalizada, defecções espantosas na sua Igreja, o veneno de Louda Iskariotis tentando sufocá-la, embates externos de envergadura tal que se não fosse de jurisdição divina há muito que teria desaparecido como sói aconteceu com muitos impérios.


43. No entanto aquele que domina ventos e tempestades e conduz a barca do Grande Pescador soprada pelo vento impetuoso do Espírito Santo conseguiu amealhar seguidores, atingir a cifra impressionante de mais de hum bilhão e trezentos milhões de católicos no mundo inteiro e hoje está às voltas com a eleição do sucessor do Pedro de todas as canções.*Ao revisar este texto o sucessor do Grande Pescador calçou as sandálias do Poverello e se tornou o legítimo construtor da ponte entre a terra e o céu na esperança de aproximar a humanidade ao Sol de Justiça e proporcionar a ela, tão perdida o caminho de volta...


44. Na fala de Fernando Chapeleiro, o amigo interventor clássico da rua que amamos vou prosseguir, analisando o movimento: 'Nós não temos Amsterdã, Berlim, Melboure, Sevilha, Londres, Nova Iorque, Canadá, Moscou, Estocolmo, Porto, Buenos Aires, Paris? Porque não a Augusta Paulistana com sua presença mágica na polifonia de todos os sons? Ela parece nos dizer evolua, meu! O que você quer? Faça!'


45. Está falado, ou penso que estaria, na livre expressão, na liberdade de exposição vejo rascunhado no papel estas letras esparramadas que surgiram na sequência de conversas da mesa 18, na carência de uma rua que tem muito a oferecer, na cadência afinada de todos os sons, na expectativa sequiosa de algo inusitado qual donzela às vésperas de suas nupcias, que entende a arte, que sabe que ela existe por si mesma, que clama para que apareça impulsionada por mãos cheias de inspiração factual.


46. Portanto fica entregue aos amigos artistas solidários  da rua augusta o presente manifesto, em data vênia 18/03/2013 na mesa de idêntico número e parecer chancelado por mim e pelos signatários deste, meus chegados com quem procuro repartir o pouco de poesia que amealhei, uns tragos do cigarro de palha mineiro, uns goles da pinga do alambique e muito sonho na cuca para oferecer gratuitamente a quem possa parar e confabular na busca da trilha em si auto gestionada para a melhor de todas as ruas paulistanas.


47. O projeto cíclico encerra hoje sua parte I ou o tempo de rimar, e parte para a fase II intitulada divulgar e pretende continuar num estudo intensivo lançando as bases da fase III ou o tempo do fazer que definirá sua aplicação prática. São três frentes da mesma vertente e que pretendem envolver todas as pessoas de senso artístico que queiram participar e atuar no movimento mundo bom das certezas augustosas, no dizer do poeta e escritor chileno da atualidade Ludwig Henriquez Ravest, radicado no Brasil e por sinal autor inteligente e abrangente do enfoque Lítero - fotográfico da rua augusta: Paralelo 46 em co-autoria com a conceituada fotografa  das lentes intuitivas, Angela Pereira do Estúdio Photo by Angel e pela lente imbatível do fotógrafo Sergio Matta.


48. Passamos todos indistintamente, dado as mutações de um natureza em que a finitude nos é peculiar, podemos ser afetados pelas transformações aparentes mas no fundo gerimos  nosso destino e imprimimos nele nossa visão sem depreciar a criação do irmão em qualquer área do pensamento e da ação humana. No caso a Rua Augusta escolheu um punhado de artistas, tanto é verdade que no exterior se você cita São Paulo, vai encontrar alguém lembrando dela com saudade:' Ah! Rua Augusta, seu borborinho fora dos padrões normais, seu charme e tudo o mais!


49. Encontra-se encerrada a parte I e o poeta da espera se confessa  emocionado a mais não poder e o que o alegra sobremaneira é saber que a aplicação prática do manifesto é exequível  desde que o espírito abstrato que o guiou e o impulsionou estiver doravante presente nas mãos concretas que deferirão o projeto, na percepção correta dos organizadores, na performance dos artistas, no proveito do público. Se não houver a revitalização a partir da Arte, seu candor e voo será interceptado no concreto de outros andares calculados, na metragem que não é a sua cara.


50. Não sendo assim o melhor para a arte seria arquivar esta fala toda e deixar a  mesa  sede    18 vaga  para  os   olhares   fotoshopiados  ou   quiçá  para   os detalhistas  playbackianos; o melhor seria indeferir o sonho legítimo dos artistas, sonho este confiado aos cuidados dos signatários deste manifesto  e que carrega em seu bojo a determinação de servir a melhor de todas as damas: a arte pura, autêntica e simples que exige dos seus amantes o melhor de si mesmos.


51. Bem vindos amigos a uma parte do coração melífluo de uma rua ainda não visitada e que quer se revelar no Grande Encontro da Augusta em tempo real com todos os ritmos, todos os sons, tudo em todos num só lugar da Arte Total. O texto no formato apresentado é de natureza interativa, auto gestionária e consensual poderá ser divulgado na íntegra ou em parte sem a prévia anuência de seus signatários desde que preservados todos os parágrafos: na sua concepção, idealização e ideias originais.


* A intenção deste manifesto, muitos dirão platônico, e tenho que concordar em parte, seria tão somente de conselheiro cabendo aos braços fortes e práticos, dentro das leis constitucionais  vigentes exemplificá-lo  à exaustão do bem, como a Arte merece para o proveito de todos e felicidade do novo tempo global que se avizinha a passos largos...


52. Será dada a largada oficial em 18/03/2013 e será um longo caminho a percorrer, muitos tentames artísticos serão efetuados, muitas autarquias visitadas, muita proposta protocola,muito chá de cadeira, muitas cartas registradas, em mãos endereçadas, indeferidas, eletrônicas postadas, muitas portas fechadas, muitos serões aquentados,  cabeça fria versos em versos, confabulações variadas, olhares de aquiescências dos simples e humildes, singelas de cortar o coração  até vermos surgir a tão esperada melodia para o bem da arte e felicidade do novo tempo que há de vir... Amigos ufa!!! Não se ausentem pois pretendo agora encerrar a exposição exaustiva.


53.Teorias enunciadas começa a prática, junte-se a nós, encampe se lhe aprouver a ideia, acrescente seu parecer, apareça pois e será muito bem vindo, imprescindível se torna sua aliança com a arte, pois rimar é uma forma surpreendente de amar a rua entre todas augusta, eternamente augusta na voz e força unida dos artistas do povo!


** Confiada está em mãos de Ludwig Henriquez  Ravest, para a devida revisão e posterior divulgação 
que saberá empiricamente condensar os anseios dos artistas solidários da augusta paulistana, interagir com o poder público com empresas e cidadãos interessados em divulgar a arte pela arte e fazer do terreiro doméstico comum um mundo melhor.

54. É hora gente sensata de divulgar o pensamento dos artistas da rua augusta, interagir o entendimento pelas razões expostas, sem comparações, livre de competições, na franca e alegre arte de fazer acontecer, e qual seria a vantagem, não seria, estaria à altura do sorriso da dona augusta:  era preciso acontecer...


55. A cidade de São Paulo, herdeira de identidade artesanal parece não entender o movimento de outros países, estados e municípios da federação, municípios limítrofes, e a referência de Embu das Artes - cidade que valoriza e respeita seus artistas, suas criações organizados numa feira artesanal de fama rodada pelo mundo.


56. A cidade não referenda os anseios legítimos dos artistas do povo, fecha-se em si mesmo nos seus problemas urbanos colossais e esquece que nesta era da imagem instagraneada e conceitos tonais a arte poderia fazer a diferença em sua intuitiva harmonia do contraponto.


57. Mas dissociada da realidade atual no que concerne à comunicação instantânea compartilhada São Paulo se perde em sua pauta efetiva, mesmo detentora da fala discursiva se não mudar sua conduta não vai conseguir se manter por muito mais tempo conduzindo os destinos da nação brasileira.


58. Uma cidade grande de  visão tacanha, uma prática coerciva contra os artistas em nome de que? para que? Perdeu o seu tino universal de outrora e não entende o seu passado no presente com vistas aos grandes desafios do futuro.


59. E se a bandeira da arte for roubada de suas mãos? E se a aureola de mecenas imigrar para outra região? Então vai alimentar sua alma de cimento e será legada ao esquecimento da história e em sua fronte descompartilhada da realidade aflorará um suor frio e lânguido preâmbulo de seu fim iminente.


60. Se acordar de seu sono letárgico, sacudir a leseira mórbida ainda haverá chance de retornar ao zênite de sua vocação histórica de protetora e incentivadora da Grande Arte da harmonia na diversidade.


61. Se a arte torna-se visível pela criação de seus artistas então quem melhor para representá-la do que aqueles e aquelas que depois deles são eles sempre na intensidade de seu talento nato, na graça e leveza de suas intervenções públicas.


62. Se você que ao tomar conhecimento deste manifesto augusta mesa 18 e sentir que está em sintonia com os termos e conteúdo do mesmo envia-nos seu email  com um de acordo para seu nome  constar nas próximas edições  e poder participar ativamente e de fato das resoluções colegiadas que surgirão na curva da estrada que hora encetamos em prol da causa da grande arte na cidade de São Paulo, máxime na rua Augusta. 


63. No finalzinho da era do esboroamento geral da fuselagem, estes voos intermitentes registram oscilações e mudanças de rumos com a adentragem na era do Frather em que o inverosímel começa a mostrar sua face empírica, em que os parâmetros exatos perdem fôlego e as máscaras mundiais caem sem cerimônias, indiscutivelmente a ressonância estará a serviço do fluxo natural totus in totem resgatará sonhos legítimos e os trará para a pauta do dia.


64. E a bela dama esquecida voltará a ser entronizada no coração de seu povo e devolverá a ele o que ciosamente guardou, sua expressão lírica, sua harmonia do contraponto entre a fé e a razão, sua metamorfose concreta em sua expressão abstrata.


66. Deixo-os com uma benção Irlandesa simples:' Que o vento possa soprar suave em suas janelas, que a chuva possa cair branda em seus telhados, que Deus possa nesta Pascoa te-los na palma de suas mãos, até que nos encontremos outra vez...'


67. Sonhos, sonhos... na fala de Flavio Lorena: ' Sonho é um desejo d'alma n'alma a adormecer. E no sonho a vida é calma, é desejar para ver. Tem fé no teu sonho, teu lindo dia há de chegar,' oh! augustosa.' Que importa o mal que te atormenta, se o sonho te contenta. E pode se realizar...' E tu chegará ao exato ponto de equilibrio entre o concreto e o abstrato oferecendo respostas, muitas respostas certas aos seus problemas reais...


68. E em pensar, nobres, plebeus, gênios, simples e cultos que em terras de Manuel Antonio Vieira seria uma trilha de burros a origem da Rua Maria Augusta lá pelas calendas de maio do ano de 1876, depois vieram a luz elétrica, os bondes, carros, zoeira. E hoje a dona Maria Augusta continua e continua e ela não precisa da gente, soberana, sobranceira, acolhedora, meio maluca, meio chique, esbanja glamour, diversidades, baladas, cinemas, decoração, cafés, bares ao longo de seu perímetro urbano vertical.


69. Não envelhece seu espírito, inspira seus poetas, afaga seus artistas, melhora suas curvas, maquia-se em várias faces, e como defini-la em uma só palavra: camaleoa da noite paulistana. Assim termina o manifesto augusta mesa 18. Acordei no outro dia com a sensação estranha e indefinida de naquela ocasião ter sonhado em vão! Será? Só o tempo poderá deferir ou não o anseio dos artistas solidários da mais  augusta de todas as ruas paulistanas.



                               Ao epilogar parte i...


70. Porque tantos traços, tantas letras registradas? Se elas todas se perdem no vazio de um quase nada! Porque tantas noites mal dormidas, tantos espaços preenchidos, tantos motes variados que buscam e não encontram o eco desejado? Porque escrever até ao amanhecer e constatar que por mais que se faça estas  estas linhas encontram o riso disfarçado de anseios vãos , anseios sem volta daqueles que se entregaram aos deuses dos olimpos modernos?  Porque o poeta teima em insistir se o mundo consiste em ter em prejuízo do ser! Encontrarão estas rimas um coração singelo? Aquiescerá a sua sina bendita? Ou se diluirão incompletas neste extenso e inacabado universo dos versos soltos! 


71. As interrogações pairam no ar, os sinos de finados tocam, as mãos trêmulas do Indicado  mal e mal confundem suas variações. A homenagem se encerra, finda-se na expectativa não reconhecida sem uma rosa de obséquio. Os versos interrompidos jazem no fundo da noite sem uma mortalha sequer, sem uma lágrima deixada, sem um último torrão de terra em seu rosto sereno.


72. Ou, ou rediviva, Dona Maria Augusta entoará seu canto perene, suas canções maviosas de outrora em uníssono com corações quentes e solidários? Estas formulações abstratas procuram  e procuram respostas no chão, ar e mar  das reticências...


                                      Ao epilogar parte ii...


a. Está falado, até exaustivamente explanado o tema Manifesto Augusta Mesa 18 na livre e transparente liberdade de expressão, entregue em  mãos daqueles a quem possa interessar, um texto elaborado a partir de conversas profícuas na supra citada mesa, com o escopo único a que pertença doravante a todos.


b. A abertura e-arte  em suas alíneas propostas tenta ser a expressão dos artistas do entorno Augusta, e espera dias melhores para a Arte Total, e encontra-se com a disposição de serviço, de diálogo construtivo, de somar palavras, gestos, ações, anseios coletivos em muitas versões, sem reservas de domínio, espera assim trazer ao bojo desta rua iluminada pelo seu passado a discussão e prática lúdica para o bem comum, harmonia social e inclusão dos artistas de rua ao contexto atual da Augusta vertical, da Augusta que renasce com fígado reconstituido no concreto de seu novo tempo, sem olvidar a Arte em todas as suas formas de expressão.


c. O movimento nasceu mimado qual criança esperada pelos seus pais e pretende desenvolver-se  cercado pelos cuidados de seus genitores no terreno fértil e favorável de uma rua em priscas eras aleitada e que hoje se debate entre o velho e o novo tempo.


d. Emocionados, o poeta da espera em comunhão com seus signatários aguardam sua aplicação prática sem pretender créditos na versão enunciada, eles enxergam a viabilidade do projeto se... se o espírito abstrato que o guiou estiver presente em cada linha, em cada palavra, em cada ponto do pretendido de antemão.


e. Entregue está em mãos concretas para atravessar as cachoeiras que o tempo soberano lhe outorgar, e o fio condutor está patente nos 72 parágrafos , sem querer regulamentar o seu desenrolar no universo poiésis, em seus fundamentos líricos, em sua base ratio in factu afirma não autorizar nenhuma fala de carácter politico partidário, nenhum discurso ofensivo e de baixo calão, obsceno, discriminatório, intolerante e reserva o direito e obrigação de regular sua essência e exposição in natura artis.


f. Em tudo e por tudo não pretende ser um movimento de contestação inconsequente e por isso se bate pela afirmação peremptória da realização das idéias no seu formato original sem deturpações, um fazer da arte total e-consensual de forma interativa que busca tão somente o equilíbrio entre o concreto e o abstrato, a quem diga ser uma releitura da arte contemporânea a partir dos olhares dos poetas do povo.


                                       ao epilogar parte iii


g. Encerrou-se a parte discursiva e a organização e parte logística ficará a cargo de Ludwig Henriquez Ravest e sua equipe para as devidas providencias junto a autarquia, poder público, privado, associação de bairro, comunidade, patrocinador e apoiador, tendo sempre em vista a ideia original do manifesto augusta mesa 18, a arte total e suas múltiplas manifestações na cidade de São Paulo.


h. Acreditamos ser do interesse da sociedade paulistana tais ações propostas aos órgãos competentes para sua regulamentação que visam primordialmente  tirar os artistas e suas criações  da clandestinidade a que se encontram e devolver a eles o lugar a que fazem jus pela sua competência e condição de cidadãos.


i. Ou a sociedade se abre para esta nova monção da arte total ou... 'ou voltará a dormir sem ter acreditado em sua própria grandeza...( Saint Exuperry) ' O concreto e o abstrato poderão coexistir sem crises, basta querer...


j. Quanto a mim, poeta minimo vou continuar explanando versos numa rua paladina das cores, artesã das flores, para ofertar ao parnaso dos pensamentos soltos... Muito boa sorte a todos os que compraram a ideia e veem nela a saída honrosa para a rua que amamos e se tornou em nosso coração a mais augusta e querida de todas.




São Paulo, 19 de Março de 2013


          Signatários


Ludwig Henriquez Ravest, escritor, poeta e tradutor

Fernando Ribeiro, manufaturista e cameraman 
Moisés Sousa, artista plástico e pintor
Débora Prado, bailarina clássica e contemporâneo
Aislan Passarela, ensaísta e produtor cinematográfico
Fernando Lira e Alessandra Barbosa, artesãos
Rauzito Machado, designer e divulgador cultural
PH Jesus, did geman
Canjerana Alvim, poeta minimalista

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segunda-feira, 4 de março de 2013

O pintor das cores e o chapeleiro interventor...

o pintor das cores e o chapeleiro interventor

1. E ele 'ostro dia ' falou e ouvi sua voz com atenção que repercutiu na Augusta Paulistana que amamos: 'Se as pessoas não gostam das cores... porque param no sinal vermelho?

2. Ouvi estas palavras da boca do artista de primeira, talento nato, amigo espontâneo, que no repente desafia inclemente e traz as palavras apropriadas. Vale ouvi-lo um dias desses que passar pela Augusta na altura do bar BH - mais propriamente na mesa  18 - e ver sua exposição de quadros.

3. Foi assim mesmo que auscultei dele a frase que relatei acima, e foi numa noite de chuva torrencial de janeiro chovida em fevereiro e ademais...E qual é o seu nome: Moisés Souza.


4.Opá!  Na rua dos contrastes acentuados, que ninguém fica indiferente às suas intervenções poéticas bergeracianas, e bem no trecho dos tratos acentuados, no coração de São Paulo, que ouve e compreende com bondade seus inúmeros arlequins inspirados.

5. No dueto com Fernando em Pessoas declamado, o verbo flui e o momento com a dupla repercute fazendo a mulherada em êxtase levitar e fui!

6. Ver a performance da entonação, vi nos seus olhares  de bons lobos do mar, partir à caça e pescar salmão a variar.Vi rimas, prosas e amizade pairando verdadeiramente no ar... São bons moços, alegres e hospitaleiros que fazem do seu quadrado a arte maior do mundo inteiro.

7. Moisés Souza, na lousa de seu traço modelar, imagina tons e vai desenhando em tela o que sonhou, capta o movimento, intui seu momento e oferece seu fomento a quem possa desejar...

8. Fernando, meu chegado e irmão tá lá, o chapeleiro da admiração, não faz conta de sua arte e reparte seu espaço com quem se achega devagar...

9. Os dois de primeira qualidade, os considero mentor de meus poemas e inspiradores de outros temas que pretendo com Aislan e Débora divulgar...

10.Ambos carregam na alma as cores, propulsionam as imagens, carregam um no pincel e outro no tecido, belas miragens...

11. Na percepção deles a realidade fica mais leve, a vida mais alegre, célere corremos em suas vias sem embaraços. Apresentei-lhes dois legisladores do brilho incomum, das silhuetas, da linguagem enveredada plena de ousadia e calor humano, presentes de valor da rua mais paulista de todas: a dona Augusta visionária. Bem-vindo amigos ao futuro!

Helder Chaia Alvim
poeta minimalista