sexta-feira, 13 de junho de 2014

vórtice gradual...

vórtice gradual

1. De minha parte agradeço a atenção, época de muita imprecação produtiva, tempo de bater na bigorna, pois aqui em São Paulo a situação encontra-se num vórtice gradual confuso, isso me confidenciaram  ontem  os amigos de mesa e bar. Na ocasião, do nominativo carinhoso de poeta,  passei a ser chamado, protesta e daqui há algum tempo, quiça  profeta, ah ah ah! O que não será para tanto!

2. O jeito é aceitar os títulos não merecidos para não desagradar a turma que admiro, lúcida e precisa. Na prosopopeia do animismo a vida passa mais leve, suave, vivida no tempero certo, equilibrada entre alma e matéria,  entre ideal  e  miséria de uma sociedade  que  não  enxerga uma outra era que se avizinha sincera.


3. Quer acabar com a poesia que resta na terra? Entre nos selfies das redes sociais e defina sua personalidade à partir de cirurgias reconstrutivas, quiça faciais, para melhorar a auto imagem, depois virá o vazio e nada mais. 

4. Ou se filie a algum partido político e consiga construir 7 km de metrô por um bilhão de reais...  mais caro que em Tóquio no percusso de 500 ou mais. Enquanto isso tem autoridade vaiada em estádios do mundial, na res publica bar zileira do futiboli e carnavais das verbas publicas, nega-se ao cidadão e cidadã seus direitos fundamentais, que se apresentam céleres para assistir a vitória minguada de sua seleção, se não fora Oscar e as chuteiras de ouro estariam descalças em seu solo pátrio...

5. Tem de tudo, black blocs se manifestando contra os gastos excessivos de uma copa sem lastro na realidade diária de seus representados, um desavisado pisando a bandeira nacional, juiz em campo dando uma maõzinha para a Seleção Brasileira contra a Croácia; Claudia e Jennifer dando um olé de beleza,  o tom do Oludum, o hexa esqueleto, a bola de led, projetando 32 seleções em campo de doze estádios...Parintins não apareceu, parece que o boi ficou em outro campo... Também pudera com tantas possibilidades de direção a plenipotenciária d. Fifa escolheu a direção estrangeira alheia às nossas raízes culturais.

6. Ritmos e mais ritmos,misturados, confusos que nem de longe refletiram nossa brasilidade... capoeira, afoxé, samba do coco, africanas, portuguesas e o violão, reco reco, as cores, as tradições musicais, e o frevo também veio, índios flutuando em suas canoas, personagens vegetais, todos tiveram seu segundo escasso de fama, e na grama do Itaquerão a bola rolou sofrida, e na cabeça de todos aflorou a interrogação> todos estes recursos hídricos, naturais e calor de um povo terminam depois da copa ou continuam sem propaganda para fazer um totum in totem verdadeiro e útil para 207 milhões? 

7. O sol apareceu cedo para espiar o movimento, a fisionomia do seu  povo, dos visitantes, dos jovens atletas e da diretoria organizacional. A lua cheia fechou o quadro querendo e suspirando um  outro panorama  para este brasil hospitaleiro, forte, de política fraca. E ela, que tantas vezes iluminou o terreirão colonial de Jorge, Aleijadinho. Sebastião e  Antonio espera um dia sejamos de direito e de fato fora dos estádios um povo feliz, com seus direitos fundamentais respeitados e iluminado pela garantia constitucional de sua brasilidade.

8. Dois campos distintos, o ambiente do marketing elaborado pela d. Nyke, e o chão batido da realidade brasileira contribuíram para realçar os contrastes, salvou a cerimônia o esforço da moçada do Felipão, Oscar e companheiros, as arquibancadas locupletas de torcedores verde e amarelo pois o detalhe da copa não irá encobrir a pujança de um brasil que está ainda por se descobrir.

Helder Tadeu Chaia Alvim

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