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1. Marcus Lucius, um certo centurião romano, queria ser poeta, um sábio na arte de manejar as palavras. Desde criança conhecera as obras de Virgílio, Homero e a oratória impecável do Palatino, frequentara a Schola e se distinguira no conhecimento das ciências naturais, historia das antigas civilizações sumérias, no culto aos deuses do capitólio e nas várias modalidades da arte. Diria-se um erudito em seu tempo de elmos e cavalariças, de expansão do império dos césares.
2. Tornou-se um miles e designado para a prestigiosa missão de cuidar da centúria na Palestina.A sandália romana não poupara esta região. Escatalogicamente a nação judaica amargara a bota das invasões que já duravam três séculos, viu passar em seu solo Alexandre Magno, Parmênio Antígono, Ptolomeu, Antíoco Epifanes, Lísias, culminando com a revolta dos Macabeus na aldeia de Medin em aproximadamente 175 A.C.
3. Marcus Lucius conhecia bem a história deste povo e sua maciça helenização, conhecia a fibra dos filhos de Abraão, a habilidade do sinédrio, a força do Torah e sensível, tolerante granjeara o respeito e admiração por parte dos judeus de Cafarnaum e sempre e sempre almejara imortalizar-se nos versos e entrar para a galeria dos imortais de éclogas e Ilíada.
4. Ensaiara sem êxito tal intento e o tempo ia adiantado e nada da tão sonhada melodia. A aspereza do panorama, os dias e noites suados da Galileia contrastavam com seu ego lirico e geravam conflitos interiores que ele sabia administrar. Queria a qualquer pulso adquirir o conhecimento helênico, a sabedoria e retórica dos versos, não sabemos se era casado ou se alojara-se nos acampamentos permanentes da guarda pretoriana além Lácio, o fato que era considerado um soldado autêntico,à serviço de César, cultuava valores de honra e dignidade, tratava os vencidos com equidade, respeito e generosidade, diria-se um verdadeiro discípulo do senador Cícero.
5. Ouvira falar do Messias anunciado por João Batista às margens do rio Jordão, conhecera de perto as sandices do Tetrarca Herodes, a falta de comando de Pilatos, as pretensões de poder de Caifás e Anás, vira uma vez por Simão Bhar Jonas às margens do lago de Tiberíades jogando suas redes em companhia de Felipe e Andre.
6. Soube que um dia deixaram tudo e foram seguir o Nazareno em suas pregações, suas proezas e predições às margens do rio Jordão, Tiro, Sidônia, Jericó, Corozaim, Betsaida, Naum, Caná, Nazaré, Magdala, Sennabris perfazendo as 5 regiões: Decápolis, Samaria, Galileia, Peréia, Judéia de cima para baixo e em todas as direções soprada pela brisa do Mediterrâneo. O centurião certamente teve noticias que o Rabi há muito estava despertando no seio do povo judeu, ódios e amores incalculáveis.
7. Marcus Lucius conservava a austeridade própria de um soldado da lendária e temível legião romana. E ia naquele pedaço de mundo esquecido cumprindo seu dever com tato, esforço e abnegação, tanto que ia crescendo sua popularidade e autoridade em Cafarnaum.
8. Era um poeta e dos bons ainda não revelado, às suas atitudes e caráter rígido juntava uma espécie de tolerância e bondade, construíra uma Sinagoga, e sua espada estava a serviço da pax romana fora muros e respeitava os sentimentos de um povo que adorava o verdadeiro Deus de Israel e a observância estrita do Torah.
9. Mas a inspiração que o levará ao evangelho de Cristo, que imortalizará seus versos virá depois na curva do destino, e de uma maneira surpreendente que sói acontece poucas vezes na história. Mas até lá vai continuar calçando sua caligae, empunhando o gladius e à tiracolo portando a sarcina.
10. Aqui chegamos no centro da narração onde a sorte de um homem valerá o quanto ele deseja o bem do próximo, não um próximo parente ou de posses, mas de um criado comprado nos mercados.
11. Lucius Flavius queria mais que tudo tornar-se um poeta de primeira e dominador das rimas e estrofes prometida aos deuses do Olimpo, para isso a ideia engenhosa colocada em prática de adquirir um jovem aedo e com ele aprender os segredos da inspiração pretendida.
12. O Centurião afeiçoara ao escravo qual filho e o jovem nutria para com ele um amor recíproco e pôs a ensinar-lhe os meandros da insuperável arte helênica. Tanto foi seu empenho junto ao seu mecenas, tanto se afligia por não conseguir transmitir os vieses da poesia pura.
13. Tanto era seu empenho junto ao centurião, tanto se afligia por não conseguir transmitir ao amo os acordes maviosos da harpa perfeita que caiu doente, lânguido à beira da morte.
14. Cafarnaum, a cidade poema às margens do mar de Tiberíades no dia marcado pelos arcanos viu Jesus aparecer acompanhado de seus discípulos, viu o Rabi aplacar a tempestade e assistiu finalmente o centurião Lucius Flavius se imortalizar em versos sentidos.
15. O escravo aedo já entrara em agonia quando Lucius achegara do Mestre e solicitara a grata intervenção, pois os deuses a que recorrera fora em vão, os médicos se mostraram impotentes ante aquela doença misteriosa.
16. Sim, chegara e reclamara ao mestre o milagre: -Senhor, eu não sou digno que entreis em minha morada, mas dizei uma só palavra e meu servo será curado!’ E na mesma hora, conforme relata o evangelho o jovem aedo ficou curado.
17. O Raboni reconhecera a tamanha fé do centurião romano, e que não encontrara em nenhum coração de Cafarnaum. Ele aplacara os anseios do bem e Lucius Flavius com um curto soneto de amor, fé e confiança entrara para a história e granjeara a admiração de todos os séculos.
18. E o centurião poeta, graduado na escola do manso Cordeiro começou a olhar os lírios do campo de uma maneira diferente e ousada, a mesma postura que séculos depois levará Giovani Papini à decifração do interior da alma:
19.'Todas as palavras que fazem os homens viver vieram dos montes, das selvas, das planícies solitárias onde só as cotovias tem seu ninho.'
20. Ambos entenderam que o amor infinito, a lealdade plena, só o coração de um Deus possui, somente Nele está o perdão sem limites, o poder de regeneração da raça humana, a cura das doenças, a aquietação dos dramas, a esperança de salvação, e aprenderam em eras distantes a mesma coisa e viveram de sua seiva de luz.
21. Voltando desta viagem, vejo que a saída meritória na atual era da alta definição nióbica se encontra num detalhe por excelência, que a partir do gólgota espantou os fantasmas, os medos, e nos contrafortes da fé e imolação trouxe a paz sem condições. E qual é este ponto central e único> o coração de um Deus Crucificado.
22. E nesta inteireza de reciprocidade, os jovens aedos contemporâneos tem a disposição uma locomotiva do bem, do justo, do fraterno amor, desinteressado e atuante, pronta para dar a partida inicial que os levará ao reino da paz, da concórdia, da harmonia e da nova construção universal.
23. Ah! amigos solidários deste blogger empírico e mínimo, o pouco de tecnologia que amealhamos, invejável em vários aspectos, 'afastou-nos de Deus' - afirma Pasteur - ' o muito nos aproximará Dele.' Caminhando com o amigo digeridiano PH Jesus, neste domingo de maio dia nove até à feirinha do bairro da Liberdade em São Paulo finalizei o presente pensamento.
24. Se esta reflexão que fizemos juntos servir para algo, dão-se por recompensados plenamente estes versos e seu autor mínimo, senão jazerá imóvel a espera de interação.
25. À Jeshuá, mestre do caminho, Deus humanado no seio de uma Virgem, a hiperdulia se reveste de admiração, ao centurião poeta devoto minha gratidão., ao mundo empírico que há de surgir a saudação efusiva deste acorde antecipado, eco longínquo de um homem que acreditou antes de ver a grandeza do milagre.
26. Despretensioso enlace de duas eras do mesmo feitio, cor e vida, iluminada pelo sol de justiça, pertencentes Àquele que pode tudo, suporta tudo, fonte de sintonia perene e poesia perfeita. Dado a fugacidade que nos é peculiar, a volatilidade escancarada desta vida, o jeito é desejar para ter...
Helder Tadeu Chaia Alvim
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