quarta-feira, 18 de julho de 2012

O reencontro

1. Hoje voltei para a mídia, não para a eletrônica, nem mesmo para as colunas poéticas. É que procurei um sacerdote para confessar-me. E ele me ouviu com semblante sereno e perscrutador. Dialoguei, expus meus erros, pecados e aflições de anos e mais anos afastado dos sacramentos da Igreja Católica. Foi bom, muito bom, ótimo a mais valer!


2. Depois veio a absolvição, a penitência no altar da Virgem Imaculada e sai leve da Igreja com o firme propósito de Madalena. Sim porque não expressar em versos o caminho de volta? Que tudo indica com a sustentação da graça misericordiosa da melhor de todas as mães, da mais pura e doce de todas as virgens pretendo perseverar até o tocar da minha última viagem, aquela sem alforje, amigos, que adentra na noite nebulosa da morte.

3. Mais tarde no ofertório apresentei meus propósitos, confiante na assistência divina, que não falha ao filho pródigo. E sem julgar o semelhante agradeci no silencio do presbitério a oportunidade de estar vivo e recomeçar tudo de novo contemplando o mistério da anunciação, o sim salvífico de uma donzela, mais brilhante que o sol, mais formosa que a lua, mais terrível como um batalhão de soldados em pé de guerra.

4. Depois deu-se o encontro com o Cristo eucarístico, centro de rotação da Igreja, o Deus humanado, nascido da Virgem Maria, escondido há mais de dois mil anos nas espécies eucarísticas. Uma conversa com o melhor de todos os amigos, um amigo leal e sobretudo um Deus de bondade e misericordia. Não tem coisa melhor para este mundo que se render aos amplexos de Jesus Hóstia, o caminho, a verdade e a vida dos povos e nações, mesmo que não queiram, o movimento do planeta gira em torno dele e a finitude humana comprova a veracidade desta afirmação.

5. Porque me afastei tanto do verdadeiro Sol de Justiça? Porque tantas ações mal direcionadas, lezações, palavras mal baratadas e uma série de desatinos, mas inquieto voltei aos braços daquele que não falha à ovelha desgarrada, desde que ela reconheça suas limitações e procure a sustentação em quem realmente pode fazer tudo e não na mentira e enganação do anjo decaído e seus lugares tenentes na terra.

6. O curioso da vida são as surprêsas e alegrias que ela reserva, ao escrever esta humilde página do coração, sinto um prazer espiritual, e penso no meu caro leitor de tanto tempo e pretendo repartir consigo esta benesse. Como dizia uma volta que se dá de inúmeras maneiras, jeitos e formas, pois o Cristo não fica preso à convenções. Então a abordagem dele se dá de modo diferente, mas sempre a mesma doçura, a mesma mansidão, a mesma bondade e determinação de salvar-nos do perigo eterno.

7. A um diz: tende confiança eu venci a batalha da cruz antes de você, não usei para isso espadas e o poderio das hostes angelicas, mas o amor sem limites. A outro faz um convite para segui-lo mais de perto como aconteceu na trágica sexta feira santa com o centurião Longino que ao traspassar o coração de Cristo com uma lança reconheceu nele o filho de Deus e foi curado instantâneamente da cegueira.

8. Há quem se achegue do seu coração de Jesus pelos conselhos de Maria: "Fazei tudo o que ele vos disser". Tem os cefas cheios de arroubos, as marias penitentes, os saulos caidos de seus cavalos, as madalenas das colinas da galiléia e seus óleos de unção, os de última hora qual Dimas roubando o paraiso. Tudo é graça que se envolve no mistério da noite dos tempos. Tem aqueles que perseveram a vida toda, qual Catarina Labouré, Teresa de Lisieux e guardam a inocência batismal, tem os que a recuperam a pulso de sacrificios, expiações e sofrimentos qual Inácio em Pamplona.

9. Enfim, voltando a realidade desta profissão de humildade, nesta talentosa cidade de São Paulo que amo e de contrastes mil, alvo de conquistas, decepções, avanços, retrocessos, de correrias, alegrias e tristezas confessas, mas que nas Igrejas se ouve o canto dos anjos, a missa, a procissão, se entoa o terço da santa e os sacerdotes cotidianamente emprestando seus lábios a Cristo: Isto é o meu corpo, este é o meu sangue, a razão e a presença real da aliança entre o céu, o cordeiro e os homens de boa índole e coração contrito.

10. Mas porque resolvi escrever esta matéria, perguntará alguém? Por certo acho-a da maior atualidade, ontem, hoje, sempre. Nós, sem excessão partiremos um dia e esta realidade continuará para os pósteros indubitavelmente, uns acatarão, outros desconhecerão, alguns tantos desdenharão e se posicionarão na atitude ferrenha contra Deus, seus santos, dogmas e canções. A quem ofereça um quinhão da pátria celeste a troco de sucesso financeiro, amoroso e profissional, hã!

11. Há os que, reconhecem sua pequenez e se abismam na grandeza de um Deus que se fez homem, redimiu-os e os elevou à honra de filhos diletos, na promessa da bem aventurança. Um dia Jesus nas colinas de Jerusalém, fez um belo gesto - o maior do mundo - em qualidade e abrangência espiritual, aplacou a ira do Pai eterno e reatou a antiga amizade de nossos pais,  Adão e Eva, nos ligando ao céu sem limites de alegrias. É para estes e estas que anoto esta divagação numa noite do inverno frio paulistano do ano do Senhor das calendas de julho de dois mil e doze do dia dezessete.

12. Enquanto o Mestre adorado, amigo de Pedro passou na Judéia,fundou sua Igreja, disse o que disse e provou que nossa alma valia o sacrifício cruento da cruz, mesmo tendo sede atroz continuou até ao fim. Foi assim que aconteceu e cabe a cada um escolher sua afeição à luz ou às trevas, a ressurreição ou a morte, o bem ou o mal. Duas cidades contrapostas e literalmente antagônicas conforme ensina Santo Agostinho.

 > Um adendo necessàrio que podemos averiguar da história de todos os tempos, mesmo disfarçadas de  zelo,curas miraculosas, profetismo, o erro não poderá vingar. A verdade, somente a verdade do cristianismo bem entendido e praticado poderá nos assegurar a vida eterna que professamos no Credo, que sói Deus pode operar e distribuir sua graças sempre pela intercessão da Virgem Nossa - medianeira universal de todas as graças, conforme o ensinamento unânime dos padres da Igreja.

13. Termino esta crônica singela reverenciando uma mulher, a mais pura e sempre virgem da história, Maria, a mãe de Deus, a corredentora  que com um sim de entusiasmo e pureza mudou a realidade de todos os tempos e nos deu Jesus, o Salvador.

14. Agora, depois de muitos anos afastado dos sacramentos, entendo a sutileza da graça, o alcance de sua mão benfeitora, 'tão perto e tão longe'. Longe eu dela estava e ela perto ao meu alcance a transbordar suavidade e doçura, a me colocar no lugar devido,conscio de minha fragilidade e limitação, a me esperar com seu ósculo de paz.

15. Agora entendo a finitude que me é peculiar, o sopro da vida, os caminhos de Deus, agora entendo a graciosa Bernadete Soubirous e se encantar pelo olhar da Virgem Senhora, entendo o gênio da era patrística, autor da filosofia sublime,o santo bispo de Hipona, Agostinho e sua grande inquietude mística.

16. E quisera ao findar este parágrafo que ao fitar os olhos de Deus visse neles refletidos os semblantes de todos meus irmãos do coração, os meus caríssimos  leitores, quer faça frio, quer calor me acompanham sempre. A todos deixo um abraço de união.

Helder Tadeu Chaia Alvim






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