segunda-feira, 23 de abril de 2012

Para Simão Bar Jonas

Para Simão Bhar Jonas segue esta singela canção

1.Para um homem acostumado a querenar seu barco às margens do lendário lago de Genesaré, aventurar-se na pesca certa a noite inteirinha ao longo de seus 24 km de extensão, às vezes à deriva, depois ao enfunar das velas de morim, para um homem de semblante rude, testa larga, nariz aquilino, de braços fortes que ouvia a linguagem serena  dos ventos e das estrelas.

2.Para um homem assente no presente em sua labuta e fé judaica do Torá, um homem simples, de fala direta e poucas palavras, um homem que amava e odiava ao mesmo tempo, forte, lhano e que buscava nos livros santos as explicações para seu tempo, tumultuado pela 'Pax Romana', para um homem que sonhava libertar seu povo e não sabia como.

3.Para um homem de compleição alta, olhos sonhadores, vida digna, para um homem que fizera do Tiberíades seu lar, das suas margens verdes a contemplação, de suas areias claras seu descanso, para um homem que vivia no fascínio do perigo entre Betsaida e Cafarnaum.

4.Para um homem que aproava seu barco, que segurava firme a sirga, que vogava a noite toda, que perscrutava a escuridão, que conversava com os ventos e as marés...

5.Para um homem que do cheiro dos peixes fizera seu perfume estival, das vagas alterosas sua viagem segura, para um homem que naquelas horas tristes para o povo eleito em que as sandálias, elmos e espadas alheias sufocavam seus anseios de liberdade, viu surgir a primeira alvura da madrugada...

6. E uma voz diferente soprou em seu rosto algo espetacular: 'vem e segue-me' que  se tornará o guardião das portas eternas, que dará o equilíbrio ao universo doravante, que será lembrado com carinho, respeito e veneração pelos séculos a fora na voz serena e intempestiva do Grande Pescador...

7.Para Simão Bar Jonas, o homem que  foi chamado pelo Mestre Divino para ser a pedra e fundamento de sua Igreja, para o homem que não tinha ouro nem prata mas uma fé robusta e impetuosa segue esta singela canção. Que este homem possa nos ligar a um tempo novo de esperança espiritual e repetir: 'Salva nos, quia perimus.'

8.Para um homem das visões, das contemplações, que tomou posições, que acreditou na era da luz, que da sublimidade burilou seu carácter, para o homem dos perdões, das quedas e sobressaltos vai esta singela canção.

9.Para Simão Bar Jonas, que mereceu do Mestre a promessa do primado, anulando seu eu, plasmou no mundo um tempo de expectativas... Um santo, um herói que estabeleceu as bases do Cordeiro  crucificado a tal ponto que deteve para os séculos futuros as chaves do reino e que as portas contrárias não prevaleceriam 'adversus ea'.

10.Para um homem que ultrapassou as barreiras do mestrado, da filosofia, da poesia e da sabedoria e abismou-se na grandeza do Nazareno, para um homem que não fazia alianças com o poder, que não se vangloriava de seus dons, que agia in persona Cristhi, que assistia os necessitados , para um homem de fé imutável.

11.Para um homem que afugentou as trevas do pecado, contrariou a autoridade docente dos fariseus, para um homem que compreendeu o sentido do amor de Hillel, Gamaliel, Saulo de Tarso.

12.Para um homem que não fazia dinheiro com assuntos sagrados, mas esmerou sua existência em Jesus Crucificado, que se espelhou no Mestre e alargou os horizontes de seu tempo na contemplação das infinitas perfeições de seu Deus.

13.Para Simão Bar Jonas, homem da fé messiânica perfeita, iniciado nos mistérios de Deus, Uno e Trino, outorgado em sua missão de fundamento da Igreja, selou com o sangue seu profícuo apostolado.

14.Para um homem que iluminou todas as nações, não foi conivente com o apartheid de seu tempo, inaugurou uma nova era abrindo as portas da Igreja a todos os povos, para um homem que foi contra a plutocracia de Seth e franqueou o Evangelho a todos segue esta singela canção.

15.Para Simão Bar Jonas, o primeiro papa da Igreja, que desejou para si e para o mundo 'as colinas eternas' ofereço estas linhas que 'profusionam' a inspiração para tornarem-se um preito de gratidão ao Grande Pedro de todas as eras, que na certa receberá esta sincera homenagem do coração.

16.Para Cefas, o homem das multidões, o primeiro grande eleito de Cristo, o homem que aprendeu a contemplar pelo olhar do Mestre, os olivais de Jerusalém, as cotovias do Hebron, os lírios da Samaria e que compreendeu que as chaves a si confiadas não eram de brilho material, aquiescendo pouco a pouco as palavras do Nazareno entendeu os desdobramentos de um reino que não era deste mundo. Obrigado Pedro, Cefas, Simão Bar Jonas.

17.E num êxtase profundo este gigante da primeira hora cristã, juntou em oração suas mãos calejadas do antigo mister e repetiu enlevado em seu sotaque inconfundível: Yeshua! Yeshua! Yeshua!

18.Numa tarde de aglomeração do povo em torno de Jesus, ele ouviu o grande sermão da montanha e entendeu como ninguém a fugacidade da vida e amou as plagas eternas... Encarnou em sua vida apostólica o ideal do Cordeiro, a justiça do trono, a bondade do Homem Deus e compassivo foi apascentar na santidade o rebanho a ele confiado pelos desígnios do Altíssimo Senhor.

19.Amigos, não nos iludamos, foi sobre esta pedra firme e sólida que Cristo edificou sua Igreja com poderes divinos de perenidade, dogmas, sacramentos e as promessas de sustentação.E se fosse discorrer mais, teria ainda muito o que dizer a respeito de Cefas e palavras sobejariam tal como os pães da multiplicação.

20.E Pedro viu a viúva de Naim naquela tarde triste chorar seu único filho,alegria de seu olhos, rapaz esbelto , de cabelos pretos, jovem, muito jovem. E Pedro viu quando o mestre parou na frente do cortejo fúnebre naquela tarde outonal, seu olhar brilhava de compaixão e ele sentiu um arrepio de entusiasmo quando Jesus disse, num tom grave e pausado que fez estremecer os montes da Galileia: - Não chores... e em seguida - Jovem levanta-te...

21.E Pedro compreendeu ser seu mestre, o Deus de Israel, o Messias esperado pelas nações e se emocionou, e sua emoção estava apenas começando e seria posta à prova e fraquejaria mais na frente três vezes para se levantar e alavancar os gentios de todos os tempos, enfrentar o império de Roma altiva, em seu tempo e na pessoa de seus sucessores.

22.E Pedro, rude, homem de fé simples e prática entendeu aquele que acalmou o mar, ressuscitou Lázaro, expulsou os demônios,entoou o 'efatá' multiplicou os pães, chorou sangue no Getsemani, carregou uma pesada cruz, abriu os braços no Gólgota e ressuscitou ao terceiro dia.

23.Muita informação para a cabeça deste homem do mar, afeito a labuta, a contemplação e as alegrias de uma vida hebreia comum, e a voz do mestre continuara e continuara num crescente de propósitos para o pescador de almas: - Vem e segue que te farei pescador a serviço do meu grande projeto para todos os homens de bom coração.

24.E Pedro às margens do Tiberíades, em Carfanaum, ouvira aquela voz que pairava sobre as questões materiais e acenara com força e mansidão para o reino do outro mundo, que sobre aquela pedra edificaria a Igreja, una santa, católica, apostólica e romana.

25.Muito chão a fama e vida de Simão Bar Jonas percorreria, permaneceria lembrada com amor e respeito e como sinal de bem aventurança. O vem e segue seria repetido a medida que o tempo avançasse e arrebanharia muita gente afeita a ascética cristã, homens, mulheres, jovens e crianças passando por ele, seguindo as pegadas de Saulo, Inácio de Antioquia até aos dias atuais e depois de nossa era 'iPadiana'dos neutrinos, nióbios quânticos, passando pela certeza Marial vindoura do Espírito de fogo até o derramar da última lágrima, até ao aflorar do último sorriso na face da terra.

26.E Pedro, privando com o mestre, percorrera em infindas jornadas a terra dos hebreus de baixo para cima e todas as direções e presenciara o quanto o coração de um Deus amava os homens incondicionalmente e esperava deles uma aquiescência da alma. Em Samaria, Hebron, Nazaré, Cafarnaum... muita coisa viu, muito presenciou e foi se amoldando ao querer de um Deus humanado.

27.E Pedro, de intuição nata compreendeu o sentido da pregação de Cristo como ninguém, e sem alforje, bastão, dinheiro, munido de uma fé robusta seguiu até Jerusalém tempos depois e na porta do Templo disse ao paralítico; - Não tenho ouro nem prata mas em nome de Jesus Nazareno, toma teu leito e anda... 

28.E Simão Bar Jonas pouco a pouco foi-se se aprofundando na doutrina do mestre, e entendeu a fundo o Messias esperado, realidade na frente de seus olhos e não cabia em si de contentamento, compreendeu quanto mais necessidade um homem possui, menos liberdade tem, e ele queria ser livre e libertar doravante o mundo do pecado para ligá-lo totalmente ao seu mestre adorado.

29.E Cefas foi iniciado nos mistérios que o circundava, a primavera findara nos montes da Galileia, João Batista fora morto nas mãos do Maqueronte, o círculo estava se fechando com o passar dos dias, e Pedro vislumbrava cada vez mais a paixão nos ensinamentos do mestre. E após a transfiguração tudo se aclareava em sua mente arguta e ele cismava à noite sob o céu estrelado da Judeia.

30.E todos do sinédrio, anciãos de Israel aprovaram a perfídia de Anás,suas maquinações infernais e entraram no jogo sujo da política de uma casta que olvidara a voz dos profetas, menos Arimateia e Nicodemos que timidamente sugeriram ouvir o comportamento de Cristo Jesus e tudo se aquietara por tempo e os doutores da lei ficaram mudos.

31.E Jesus afastara-se da vista deles, para alívio de Simão e dirigiu-se a todos como a luz do mundo, uma luz forte e suave prestes  a ser levantada no madeiro da ignomínia para resgatar o mundo do pecado e reparar a honra do Pai. E o bom pastor, ao lado de Pedro continuava e continuava incansável a miracular, cegos, coxos, paralíticos, leprosos...

32.E a maquinação do mal não dava tréguas, acerca-se de Jesus para atormentá-lo e Cefas via que o mestre a todos refutava, afirmando ser deveras o messias anunciado nas profecias. Suas obras e milagres foram se avolumando de tal monta que o ódio contra ele crescia e o cercava de todos os lados, aonde estivesse e pregasse, Pedro enxergava os emissários do templo a espreitar o mestre adorado.

33.Bem articulados e mancomunados na rede de intrigas, iam e vinham de Jerusalém à cata de mais detalhes, parece que não dormiam no revezamento da espreita esperando uma oportunidade para prendê-lo e dar cabo de sua existência.

34.O mestre ao ter conhecimento da morte do amigo Lázaro se entristeceu e chorou, depois de dois dias dirigiu-se à Betânia aldeia próxima de Jerusalém e foi consolar Marta e Maria Madalena e na ocasião operou o milagre portentoso ressuscitando Lázaro na presenças de seus discípulos e de muita gente aglomerada, definindo assim sua missão de Messias.

35.E Pedro estupefato jubilou-se no íntimo de sua alma contrastando com pensamento do calculista Anás, do incrédulo Caifás que há muito tinham perdido a noção das sagradas escrituras e deliberavam a morte do justo a pretexto de uma nacionalidade mal entendida:'... que morra um só homem pelo povo e que não pereça toda a nação'.

36.E Pedro ouvira a sentença que deixando tudo receberia o cêntuplo e a vida eterna como recompensa e foi guardando tudo no coração. Em silêncio viu Madalena ungir o pé do mestre, antecipando sua sepultura, e num relance percebeu a ganância de Judas aflorando em sua cabeça de preocupações materiais por ocasião deste belo gesto de amor.

37.E a marcha vitoriosa seguira para Jerusalém, e Pedro ansiava e torcia pelo momento que Jeshuá seria coroado rei, seu mestre era Deus e iria resgatar a honra do seu povo, certamente conjeturava consigo mesmo e ele na sua humildade, tinha uma pontinha de orgulho aflorando em sua pele de destemido pescador, afinal ele seria o chanceler do novo mundo que ia nascer...

38. Portanto foi com pesar que viu o mestre chorando ao avistar a bela e imponente Jerusalém, depois a aclamação veio pela boca dos meninos hebreus, hosana ao filho de David...No entanto a euforia passou e passou e uma lufada de tristeza caíra sobre o robusto Simão Bar Jonas, quase sufocando-o  ao perceber a realidade dos fatos.

39. E Pedro desconcertado passou da euforia do domingo de ramos, do hossana à frustração atroz. Da boca dos meninos hebreus ouvira o louvor perfeito, dos lábios do sinédrio iria na quinta feira santa ouvir a condenação mentirosa...

40. Na manhã da segunda feira Jesus estava no templo entoando sua canção de perdão e misericórdia, ensinando, pregando e ao sair  em companhia dos apóstolos pelo caminho viu o mestre amaldiçoar a figueira estéril.

41. E nada passava desapercebido aos olhares atentos do grande pescador, trinta e hum anos depois suspenso numa cruz em Roma ele lembraria sorrindo a trajetória do mestre, a graça e beleza que irradiava de sua presença, a intrepidez ao expulsar os vendilhões do templo de jerusalém, a bondade aos abençoar as crianças, o cuidado com o sofrimento alheio.

42.E a hora se aproximava e Pedro esperava a interferência portentosa das hostes angelicais para contrapor a maldade daqueles que tramavam contra o Messias esperado das nações, mas os caminhos seriam outros e o povo eleito instigado por seus lugares tenentes iriam perpetrar o ato mais vil da história humana: o deicídio, e trazer para si e seus descendentes as maldições e dispersões de sua raça.


43.E na terça feira a batalha continuaria e Jesus desarmaria cada invectiva de seus inimigos, que urdiam o golpe fatal, aqueles dirigentes há muito tinham perdido o sentido exato das escrituras, e no fausto, poder e riquezas que viviam, além de massacrar seu povo, conluiados aos Césares, desviaram-se de sua missão e queriam ofuscar e apagar o sol de justiça que tinham bem diante de si todos os dias no templo de Salomão.

44. Meio absorto, meio estupefato, Pedro ouvira as palavras de seu mestre:'- Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados. Quantas vezes eu quis juntar os seus filhos como a galinha abriga debaixo de suas asas os seus pintainhos e tu não quiseste! Eis que será deserta a vossa casa... chegará o dia que te sitiarão e não ficará pedra sob pedra.'
45.Estava próximo o momento de Deus, e necessário era o cumprimento perfeito das profecias e a cortina de entusiasmo caiu quando presenciou Jesus ser entregue pela perfídia  e traição de trinta moedas ignaras  do Iscariotes, membro do recém fundado colégio apostólico.

46.Simão Bar Jonas, após o episódio da prisão no horto das oliveiras, reuniu tergiverso as últimas fôrças de seu espírito robusto, agora abatido e se esgueirou pelo pátio da condenação. Porque as hostes angelicas não vieram céleres em socorro do mestre? E Pedro Cefas Simão Bar Jonas lembrou-se que o cálice alusivo de Jesus deveria ser sorvido até a última gota e ele estremeceu, mesmo assim lá estava ele se aquentando junto aos serviçais do palácio.

47.E Pedro, fundamento da Igreja nascente negou três vezes o mestre, fugiu amedrontado e depois voltou arrependido e começou a escrever a história mais bela do perdão de Deus e sulcou sua face de tanto chorar... Solidificou na santidade e vida apostólica as bases da Igreja militante.

48.E Simão Bar Jonas caminhou sobre as águas revoltas e perigosas do império romano, do mundo gentio e acertou, movido não pela carne, nem pelo sangue, nem pela razão material, mas pela fé em Cristo, filho de Deus.A cúpula religiosa do seu tempo passou, Herodes endoideceu, Pilatos dançou a valsa do poder na composição para condenar o Justo.Dimas alcançara na sua última hora o paraíso ao lado de Cristo.

49.De todos o Mestre saíra vitorioso com a Ressurreição e Pedro acompanhou o mestre, semeando o evangelho aos quatro cantos do mundo e selando sua fé em Cristo com seu sangue de Grande Pescador eterno Simão Bar Jonas, o São Pedro de todos os tempos, lugares e nações.

                      Epílogo

a. E Pedro entusiasmou-se com a luz do mundo, assistiu as pregações no vale do Ebron, esteve na entrada triunfal sob o pórtico de Salomão, percorreu em companhia do Esperado, Jericó de ponta a ponta, ouviu o mestre desafiar inúmeras vezes os fariseus, percebeu o perdão à pecadora arrependida, a cura do cego de nascença, a dos dez leprosos e Pedro conheceu a verdade plena e ela o libertou.

b. E Pedro, até então limitado no seu pensamento acerca do Messias, - um rei material que livraria o povo eleito da tirania romana - aquiesceu aos ensinamentos daquele que o mar  e as tempestades obedeciam, daquele que não tivera um travesseiro macio ao que recostar sua cabeça, aquele que chorou diversas vezes, aquele que nos deixou a Virgem Maria medianeira universal de todas as graças, aquele que visitou os pecadores e os elevou acima das querelas humanas, aquele que abençoou as crianças, aquele que era manso e humilde de coração.

c. E Pedro assentiu aos ensinamentos do mestre, teve arroubos de entusiasmo a cada palavra de Jesus, abismou-se quando os detentores do poder espiritual dos judeus - Anás e Caifás alternados no poder tramaram a morte do Justo Nazareno, viu a ditadura da lei e a maldade nos olhos deles ao oferecer a dracma solicitada.

d. E Pedro num frêmito de audácia desembainhou  sua espada e feriu a orelha do soldado romano no getsêmani de dor, quedou perplexo negando o mestre na reincidência anunciada pelo galo da madrugada de Jerozolimam, e percebeu a trama em torno do Messias, engendrada pelo sinédrio.

e. E Pedro sorriu para o céu,já se passara quase treze lustros daquele dia ás margens do Tiberíades quando o mestre disse o célebre 'vem e segue-me', e ele estava finalmente pregado na cruz e lembrava que  o troco fabuloso viera três dias depois da crucifixão do Senhor, com a fôrça de um furacão e ele vira o mestre redivivo, aleluia, e Pedro sorriu uma segunda vez, viera o Espírito Santo Paráclito, e ele pregou e converteu num só dia pelo poder de Jesus milhares de pessoas e confirmou Matias com substituto de Judas Iscariotes.

f. E Pedro no inverso do começo de tudo sorriu pela terceira vez, saiu do êxtase de suas lembranças e viu o futuro da sua missão estendida em Lino, Cleto, Clemente, Pio e uma lista infindável de sucessores da Igreja de Cristo, Gregório, João Paulo, Bento XVI, E assim por diante até ao amanhecer da última manhã da humanidade. 'Tu es Petrus e super hanc petram aedificabo Eclesiam meam et portas inferi non prevalebunt adversus ea.'

g. E o ódio e as perseguições vieram para os seguidores de Cristo, e Pedro recordou com emoção,ali suspenso no madeiro, a última ceia com seu amigo Jesus, a cerimônia tocante do lava-pés, a instituição da eucaristia, o novo mandamento, a prisão, a negação, a traição de Judas, o julgamento, a crucificação e morte,a vitória estrondosa da ressurreição do mestre,suas aparições repetidas vezes, seus conselhos e determinação de irem pregar o evangelho a toda a criatura.

h.E lembrou comovido que Jesus apareceu-lhes em Cafarnaum e por três repetidas vezes, Pedro  afirmara seu amor incondicional ao seu mestre adorado. E Pedro e seus amigos viram-no ascender aos céus em Betânia e contemplaram as chagas gloriosas de Cristo, resplandecentes, ouviram suas últimas palavras recomendando a espera no cenáculo pelo Espirito Santo Paráclito que viria em forma de língua de fogo.

i. Corria o ano 64 d.C, e Roma a cidade altiva dos césares decretou sua morte, sob o reinado do jovem e desvairado Nero, juntamente com Saulo de Tarso, o grande pescador de almas expirou na cruz de cabeça para baixo, conservando seu estilo inconfundível. Paulo o apóstolo dos gentios fora decapitado.

j. E podemos imaginar a feste no céu ao receber esses dois  heróis e santos da primeira grande era cristã. Pedro o arrebatado tomou posse das chaves de direito, eleição e conquista, Paulo o incansável e eloquente pregador pode contemplar face a face a luz da estrada de Damasco e repetir: Senhor, aqui estou em companhia de Cefas, combatemos, guardamos a fé e expandimos o seu reino até os confins da terra...

l.Passariam não menos de seis anos e a cidade santa seria destruída completamente pela sandálias romanas, cumprindo as riscas as profecias de Jesus que não restaria pedra sob pedra... E conforme os relatos do historiador judeu, Flavio Josefo mais de noventa e sete mil judeus seriam levados cativos e outros tantos pereceriam sob o elmo e a espada do exército romano quando cercaram Jerusalém, e aconteceu a queda da cidade santa.

             Posfacio

 Simão Bar Jonas, de temperamento arrebatado, recebeu o primeiro grande chamado de Jesus, o vem e segue-me, e começou sua trajetória, antes de tudo um homem simples e reto de coração, um autêntico judeu sem dolo e de intuição rara, entusiasmou-se, compreendeu o mestre, negou o mestre, amou o mestre. A medida que os acontecimentos trágicos da paixão tiveram seus desdobramentos, vai nascendo um outro Pedro, que assumirá perplexo a paixão do redentor, que o acompanhará, mesmo de longe, que terá ímpetos de coragem, que cairá no abismo da negação, que se levantará com humildade, que será perseguido pelo olhar do mestre.

Escrevo o que escrevo e continuo a querer escrever mais na ânsia de entender um homem que muito me impressiona e enleva, espero que seja proveitoso para você, amigo leitor, tudo o que se seguiu e seguirá e fica meu agradecimento antecipado por esta compreensão.

Simão Bar Jonas, com três atos de amor foi confirmado como grande continuador da obra salvífica de Cristo e abrasado pelo fogo do Espírito Santo no dom de Pentecostes incendiou com este amor o mundo inteiro e numa progressão gloriosa de feitos e santidade chamou a si a missão de estabelecer as base da Igreja nascente.

E Pedro, o grande pescador proclamou o evangelho em Jerusalém, '... a Partos, Medos, Elamitas, Mesopotâmios, aos habitantes da Judeia,Capadócia, do Ponto, da Frígia e da Panfília, do Egito e da Líbia, da Asia, de Cirene e de Roma, Judeus e prosélitos, Cretenses e árabes, a todos falava em sua própria língua."

Ele, investido de poderes inaugurou a grande era messiânica, quando Jesus ao morrer de braços abertos na cruz, atraiu a si todas as coisas e ao partir deixou seu lugar tenente um vigário capaz de ligar a ele todo o mundo. Morrera por todos os homens, inclusive os seus mais chegados, os de Israel e a era recém inaugurada do sacerdócio segundo Melquisedeque iria se perpetuar até o último dia da existência do homem na terra.

E a missão fora destinada a um humilde pescador, sem conhecimentos literários, sem dinheiro, sem influência política, mas, mas imbuído do amor de Deus, na caridade ao próximo iria ligar sim a terra à nova Jerusalém sem fim.

E Jesus o Messias esperado que veio e se encarnou no seio de uma puríssima virgem, cumulada de graças, muito mais que todos os oceanos juntos. Ele escolheu Simão Bar Jonas e na pessoa de seus sucessores para dar continuidade a sua obra, com seus bispos e sacerdotes que consagrariam o pão e vinho em seu corpo, sangue, alma e divindade, para renovar o sacrifício da cruz de uma maneira incruenta, mas real. A imolação das imolações como aceitou os " dons de teu servo Abel e o sacrifício do nosso patriarca Abraão."

Que batizariam, confirmariam na fé, administrariam os sacramentos, a confissão, a comunhão, o matrimônio e o viático para os ligar ao céu das certezas e profecias divinas. E Pedro a coluna forte resistiu a tudo e a todos, fez milagres, desmascarou os hipócritas, peitou os fariseus e saduceus, teve um tato impressionante no trato com as autoridades romanas,pregou no fórum, dividiu amor, união, discerniu a ação mais acertada, partilhou bens e realmente tornou-se um gigante da primeira e decisiva era cristã, o primeiro, o  insubstituível Simão Bar Jonas, o São Pedro de todos os tempos, nações e povos que amamos e louvamos nestas singelas e demoradas linhas.

E Cefas foi semeando o bem, arregimentou seguidores dispostos a tudo pela fé no Jesus Nazareno, sem pactuar com erros que grassava no decadente império dos césares,formou discípulos da estatura de Barnabé, João Marcos e Estevão, o primeiro mártir da Igreja nascente, de carácter forte e zelo ardente, convicção indomável, raciocínio claro e argumentos convincentes.

Que ao ser apedrejado pelas artimanhas do sumo sacerdote Anás diria:'Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem em pé à direita de Deus.' Realmente tempo sagrado onde se tropeçava com gente santa que seguia Cristo até as últimas consequências, até o último suspiro nas grelhas ardentes, açoitados, apedrejados, crucificados, espedaçados qual Inácio de Antioquia no coliseum maximum.

Tempos difíceis e gloriosos onde os cristãos partilhavam o pão, o afeto, a solidariedade e semearam com seu sangue o porvir. Homens, mulheres, jovens e crianças na comunhão dos santos a serviço da causa mais nobre que se tem notícia na história da humanidade. Vieram perseguições ao longo de quatro séculos, muitas conversões e a prática da caridade fazia-os um em Cristo, sem distinção de posição social, bens, haveres, sexo, livres e escravos. Nas catacumbas, nos lares, na tribuna, nos caminhos, e no próprio seio da guarda romana, cristãos houveram e o império caiu nocauteado pelas verdades do evangelho que Pedro o maior de todos semeara a partir da ordem e chamado de Cristo: o vem e segue-me.

Três negações in fieri, lá no começo da jornada de Simão, três continuados sim no seu percurso, três cativantes sorrisos ao morrer crucificado naquela cidade que seria para todo o sempre o berço da cristandade, a Roma eterna dos mártires e dos santos, a Roma da infalibilidade pontifícia que daria muito o que falar aos céticos, muito o que rezar aos piedosos, muita ascética e mística a serviço do mundo bom.

E não para por aí a narração que me dispus a fazer, devotado ao Pedro de todos os momentos, o potentado humilde de Cristo na terra, o homem de confiança do mestre, entusiasmado, de inocência juvenil, de temperamento explosivo, que explodiu o pecado e a maldade da face da terra, que inspirou este poema e outros mais, que ilustrou a literatura de William Thomas Walsh como ninguém, que foi objeto de enlevo e visões de tantos e tantas misticos de primeira linha, que acalenta esta despretensiosas linhas  a mais não poder. Obrigado pai Pedro Simão Bar Jonas de todo o coração.

E fatos se passaram, perseguições vieram e muitas e muitas conversões, que se um escritor mediano se debruçasse a relatar muitos e muitos livros encheria no papel e on line, nas estantes de madeira ou virtuais que nosso século tão pragmático não se daria ao luxo de ler e refletir.

f. E vejo apenas o começo da grande e luminosa era que tantos tentam negar e esquecer, se não falássemos as pedras personificando escritores diriam em nosso lugar quando tudo começou:' Oh" vós todos que passais pelos caminhos da vida, parei e vede se existem fatos semelhantes a gesta do Jesus Nazareno, o Deus humanado por amor aos homens e mulheres de todos os tempos, lugares e nações encarnou no seio puríssimo de uma virgem, padeceu e morreu em nosso lugar e elegeu Simão Bar Jonas para ser a rocha de grandeza, o pescador eterno de almas para o seu redil.

E apareceu na hagiografia cristã, outro portento e amigo de Simão, trata-se de Saulo de Tarso, na queda de Damasco uma luz o ofuscou certo dia e de perseguidor feroz, passou a seguidor contumaz de Cristo e recebeu dele em revelação o evangelho e foi comparar com Pedro e pregar aos gentios, nós no caso.

Foi um duro golpe na estrutura carcomida de inverdades e ambiciosa de Anás e seus filhos. Assim era, assim foi e a barca de Pedro continuará  a singrar os mares revoltos da existência humana, da frágil e passageira vida dos povos. Hoje o eterno Simão Bar Jonas e Saulo de Tarso, o nosso São Paulo, estão de posse da visão beatífica e atuantes como nunca. Afinal um é o perene grande pescador,o outro  apostolo das gentes, e entendem a psicologia humana a fundo e sabem que a graça que os animou ainda pode levar o mundo ao grande retorno da paz de Cristo no reino de Cristo.

                  Conclusão

E Herodes Agripa,Tetrarca da Galileia, no ano 44 d.C deflagrou, instigado pelo anjo decaído e por sua natureza perversa a 1ª perseguição contra os cristãos. Prendeu e decapitou Tiago, o Maior. Nesta ocasião Barnabé,de presença admirável, discípulo fervoroso de Pedro estava evangelizando na Antioquia. São Pedro encontrava-se novamente preso pelos dias do pão ázimo e um anjo miraculosamente o libertou causando estupefação a muitos e Pedro se dirigiu para Antioquia , o principal centro comercial para encontrar-se com Barnabé constituindo a importante cidade a primeira sé apostólica.

Antioquia, a bela e projetada cidade,a Síria Romana, a terceira maior cidade do império dos césares se orgulhava de sua posição geográfica, confluência de povos e riquezas exuberantes contrastando com a miséria de seus habitantes, a escravidão gritante e a ostentação levada a alto grau de avareza.Justamente foi lá que os seguidores de Cristo foram chamados pela primeira vez de Cristãos.

E o campo de ação do apóstolo Pedro se tornou vasto e decisivo para o futuro da Igreja e Paulo também esteve por lá, continuava e continuava sereno e forte percorrendo vastas regiões, atravessando países até ao altar do deus desconhecido do areópago ateniense.

A eles recordemos lembrando que o discípulo nunca será maior que o mestre, as palavras de Saulo: 'Em tribulações, necessidades, angústias, açoites, prisões, distúrbios, trabalhos, vigílias, jejuns,castidade, sabedoria e paciência... a servir de espetáculo ao mundo, aos anjos e homens.' Nisto os dois apóstolos se pareciam muito só se diferenciando no arrebatamento de um contra a eloquência de outro. No final estarão juntos em Roma, juntos enfrentarão os sofrimentos, juntos encetarão a última e gloriosa travessia deste vale de lágrimas para a eterna felicidade onde seus ouvidos ouvirão o cântico novo reservado aos mártires da fé.

E Simão Bar Jonas, inspirado pelo Santo Espírito viaja para o centro militar e econômico do mundo, Roma e alcança numa tarde de outono a Via Apia das diversidades culturais, apinhada de legiões, gente de toda a parte,ostentando vestimentas, falando uma pluralidade de idiomas e o olhar de Pedro vislumbrou seu campo de ação e a fundação da Sede Apostólica que se tornaria a cidade eterna dos mártires, confessores e santos. Isto tudo se passou numa época hostil, faustosa de um império em decadência, que quatro séculos após tornaria a religião oficial com o edito de Milão sancionado por Constantino: in hoc signo vinces!

Mas a presença do grande pescador era fato e trazia no seu alforje, não dinheiro, fama e influências políticas, mas a autoridade suprema para ensinar, definir e interpretar... De pronto viu as injustiças que grassavam por toda a parte, o abandono do povo, a promiscuidade de religiões pagãs e Pedro agiu, rezou, pregou, aglutinou seguidores em torno do altar.

E pouco a  pouco, sem peitar as autoridades togadas, conseguiu converter pelo exemplo de vida e admoestações frequentes, escravos, libertos, soldados, tribunos, cônsules, senhores, membros das famílias senatoriais, e pouco a  pouco, volto a frisar com ênfase enlevada, a sociedade romana se rendeu aos encantos do grande pescador.

E os anos se passaram céleres, a religião católica ganhava adeptos fervorosos e muitas daquelas casas de espaldares confortáveis, de átrios ornamentados com elegância e bom gosto, receberam a visita de Simão Bar Jonas.As famílias de Glabius e Aristóbulus foram as que mais se distinguiram na atenção e acato ao evangelho com todas os seus desdobramentos práticos e duradouros.

Pouco há pouco, por influência de Pedro muitos escravos eram feito livres, e a comunhão dos santos era espetacular, transformando aquela barbárie em caos , em um campo fértil onde capitaneados pelo grande pescador, numa só voz, num só coração, onde se reuniam jubilosos para a partilha do pão, surgia sob a rocha uma esposa mistica destinada aos esponsais eternos.

Mas a maldade não dormia, a guarda pretoriana marchava em direções múltiplas garantindo a qualquer preço a 'pax romana', o coliseu sempre e sempre mais locupleto de plateia desvairada querendo assistir os jogos mortais dos gladiadores. Um destacamento especial protegia o jovem imperador Nero,que de toga, túnica branca e a coroa de louros, pavoneava na sua carruagem dourada, ensaiava versos, declamava seus poemas vazios, e endeusava a si mesmo numa loucura sem limites culminando com o incêndio do Circus Máximus.

E assim termina o texto em homenagem a Simão Bar Jonas. Foi assim que doze homens humildes e escolhidos, sem fortuna, prestígio, fama e poder material, mas agarrados a Cristo Jesus, inauguraram uma nova era de luz, paz, de oração, de penitência, amor e libertação e ergueram nas barbas do maior poderio bélico e econômico de sua época, a divina instituição da Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana, a única de origem divina com a grande promessa que as portas contrárias nunca prevaleceriam contra ela.

A Simão Bar Jonas,Kepha,pedra firme,  o homem de Deus a quem devemos tanto, a quem Cristo escolheu na sua onisciência para comandar não há um império perecível e mutante mas a sua Igreja com projeções perenes.Tenho dito e teria muito mais a dizer...Grande amigo São Pedro rogai por nós!

Helder Tadeu Chaia Alvim




                 



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