quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Doce Luz

doce luz

1. No espaço exíguo do tempo que corre falta aquele vagar necessário para espalhar tudo de bom que lemos e filtrar nos moldes deste 365 poemas. É o caso do livro do Eclesiastes que menciona o Povo Hebreu, proveniente do Patriarca Abraão, que se tornou por direito o símbolo da fé firme e inabalável, pronto a sacrificar seu filho Isaac ao menor aceno de Deus.

2. Com Abraão dá início a História Santa, que até hoje enche de admiração uns e estupefação outros. Ao acompanhar esta gesta memorável vemos Salomão, o grande rei suceder à David em 970 a.C e se tornar responsável pela organização do reino de Israel e tomar a si a grande tarefa de construir o Templo de Jerusalém.

3. Podemos imaginar os preparativos intensos, os melhores arquitetos envolvidos, o material escolhido a dedo, as grandes pedras trazidas de longe, as bases angulares justa postas e perfeitamente sintonizadas à construção colossal. Podemos aquilatar o movimento daquela época gloriosa, as notícias que deram o que falar, de um rei sábio e santo, justo e moderador, altamente cônscio de suas responsabilidades reais, religiosas e audaciosas em prol de seu povo eleito e de seu Deus maravilhoso.

4. Um dia Jerusalém amanheceu diferente, ao ar seco deu lugar uma brisa suave, as redondezas da cidade se viram de uma cor de tonalidade púrpura e dourada, e logo a notícia inusitada se espalhou pelas cercanias de Anetote, Jericó, Betel e Hebron, e a notícia chegou a Jope, Tiro até ao extremo de Sidon.

5. Sim, a rainha de Sabá viera de longe e estava na Cidade Santa com numeroso séquito, pagens, ministros, soldados da sua guarda pessoal, servos e servas, camelos e uma quantidade de presentes para o Templo e seu construtor e idealizador máximo: o rei Salomão.

6. Ouvira falar do homem mais sábio do seu século, um profeta ungido, um rei piedoso a serviço do verdadeiro Deus e o que ela mais queria era ouvi-lo para encher sua alma de unção, para posteriormente também seguir o governo do seu povo com equidade e justiça.

7. Viera de terras longínquas, atravessara desertos, enfrentara salteadores sagazes e finalmente estava entre as muralhas daquela cidade que era a mais santa de todas e estaria predestinada para tornar-se o palco sangrento do cordeiro divino, um milênio à frente.

8. O Rei Salomão aquiesceu o seu pedido e começou seu canto diáfano e esplendoroso que ecoou até ao alto das torres de Jerusalém, repicou em suas muralhas e espalhou pelos horto de Getsemani , pelo Gólgota até a vizinha Bethelem:

9. "Doce é a luz e é um deleite para os olhos ver o sol. Por mais numerosos que sejam os anos, regozija-se o homem em todos eles, mas deve pensar nos dias obscuros que serão numerosos. Tudo o que acontece é vaidade."

10. E continua na plenitude de seus dias, aconselhando no tom místico de sua voz : " Jovem, rejubila-se na tua adolescência, e enquanto ainda és jovem, entrega teu coração à alegria. Anda nos caminhos de teu coração e segundo os olhares de teus olhos, mas fica sabendo que de tudo Deus vai ter fazer prestar conta."

11. E vai num crescente revelando a verdadeira essência da existência humana com uma psicologia  divina admirável, ouçamos: " Exclui a tristeza de teu coração, poupa o sofrimento ao teu corpo, porque a juventude e a adolescência são vaidade,

12. Mas lembra-te de teu criador nos dias de tua juventude, antes que venha os maus dias e que apareçam os anos dos quais dirá: não sinto prazer neles, antes que se escureçam o sol, a luz, a lua  e as estrelas, e que à chuva sucedam as nuvens, os anos nos quais tremam os guardas da casa, nas quais se curvam os robustos e parem de moer os moleiros pouco numerosos,

13. Nos quais se escureçam aqueles que olham pelas janelas, nos quais se fechem para a rua os dois batentes da porta, nos quais se enfraqueça o ruido dos moinhos, nos quais os homens se levantam ao canto do passarinho, nos quais se extinga o som da voz.

14. Nos quais se temem as subidas, nos quais se terão sobressaltos no caminho, nos quais a amendoeira branqueie, nos quais o gafanhoto engorda, nos quais a alcaparra perde sua eficácia.

15. E  conclui: Porque o homem se encaminha para a morada eterna e os carpidores percorrem as ruas, antes que se rompa o cordão de prata, que se despedace a lâmpada de ouro, antes que se quebre a bilha na fonte, e que se fenda a roldana sobre a cisterna.

16. Antes que a poesia retorne à terra para se tornar o que era;e antes que o sopro de vida  retorne a Deus que o deu. Vaidade das vaidades! diz o Eclesiastes, tudo é vaidade!"
- créditos: Eclesiastes cap. 11- vers. 7-10 e cap.12 vers. 1 a 8 -

17. Gente sensata, hoje em dia a movimentação apresenta-se á soleira acanhada do planeta  e tudo indica os empoados dirigentes da terra dos homens perderam completamente a noção do bem comum maior inerente a todos, a tal ponto que a mãe natureza ressente de suas ações deletérias e o botão de Reset a qualquer momento poderá ser acionado... 

18. A única certeza certa é que Deus existe e as profecias arcanas pairam no ar: ' ... suas crianças destronarão reis...'

Helder Tadeu Chaia Alvim

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