quarta-feira, 20 de julho de 2011

A era dos tablets, ptaxs e enzimas x a última planta, a última seiva...

A era dos tablets, ptaxs e enzimas x a última planta, a última seiva...

1. Me intitularam carinhosamente de poeta dos caos. Acho interessante o esteriótipo, não me considero como tal, tem personalidades que mereceriam o codinome, mas quando se cai na boca do povo, não há como escapulir das brincadeiras. Os que convivem comigo me enxergam sem ostentação e maiores pretensões a não ser estar constantemente plugado no que concerne a baixa ou a alta do mundo bom. Isto é o que importa. Me veio a mente a composição de Damien Rice na versão belíssima de Ana Carolina :" Eu não sei parar  de te olhar..."  No caso me refiro ao movimento das mazelas atuais, o caldo que se absorve sem tempero exato, que traz um sabor esquisito ao paladar apurado daqueles que ainda pensam e estão preocupados com o rumo da nave terra.

2. Repetitivo me tornei e quando me disponha  a caminhar tranquilamente, o que faz bem, nas ruas apressadas da capital paulistana ( antes da pandemia)  Vejo a dimensão exata do que poderíamos ser em termo de cidade ideal e infelizmente não somos. Não respeitamos nossos ciclistas, no trânsito disputamos a vantagem de milímetros com os pedestres, queremos ser os melhores no teste, omitimos as preces e deixamo-nos levar pelo consumo que aborrece nosso bolso e não faz acontecer nada de proveitoso para o semelhante.

3.  Nas ruas da São Paulo intuitiva nos deparamos com personagens, cada um a seu modo vai vivendo belas miragens, às vezes fantasiados de verdade, às vezes na busca louca da felicidade, outros à margem do concreto armado, jogados no canto sem banho, alimento, lar aconchegante. Sediamos  os jogos da copa, gastamos bilhões para fazer bonito lá fora, enquanto aqui dentro não temos leitos hospitalares adequados, condução arejada, nem segurança totalizada os nossos professores auferindo baixos salários e tendo que suportar o pesado ônus da educação num tempo que faltam-lhes por parte dos alunos o respeito e a admiração de minha era atrasada, mas compenetrada de valores de montão.

4. Voltando à São Paulo expressiva, tão pujante, tão refém de conceitos alienantes, tão confusa em meio aos seus milhões de habitantes, de gente diversa, mas assídua no trabalho árduo, de gente poeta, de gente artista, de gente de talento invejável, de gente muda, transida de frio, de gente com o estômago vazio, onde sua côres de outrora perigam e haja tinta e papel alado nesta vereda enfumaçada e vertente adoidada.

5. Agradeço as nivas do tempo as pródigas inspirações que ofereço a esta cidade que quero mais lúcida e humana, mais completa em tudo, mais reta no espaço de sua deliberação, nesta cidade que dita a moda, o progresso e está fadada a se encolher se não avançar acertadamente em prol da autêntica sustentabilidade da sua alma bandeirante.

6. Se não lhe aprouver, amigo leitor das rimas mínimas, tem um jeito, é só pular esta página, esquecer que existo e não escutar minhas tagarelices, que pretendia fossem até o amanhecer. Não tem problema mesmo, minimize estas linhas, não assimile seus conceitos retilíneos, se prosseguir comigo, disponha-se a contemplação, a ouvir o silêncio e dele auferir as lições que me empenho a explanar.

7.  Me alembro do sertão, da fazenda Pirineus, da vaca no curral escondendo o leite, dos conselhos do veterinário Tião Mossa ao recomendar trazer o bezerrinho que o leite aparecia. Era o sabor de uma era transparente e calma, onde a alma podia conversar com Deus e viver de expectativas transcendentes sem descuidar dos afazeres que o dever chamava sempre.

8. Na trilha moderna que adentramos, dos tablets, cptaxs e enzimas, nos deparamos com outra realidade que nos oferece leite de sobra, de outra qualidade, enlatada nas estantes pomposas dos shopings centers e comércio eletrônico, que sugam apressados a matrix correta, informam em tempo recorde de velocidade, amplificam os lucros e esquecem de aquecer primeiro de tudo o ser humano. Inverteram os papéis e aumentaram exorbitantemente os decibéis, iluminaram a grande metrópole de luz néon, criaram novos panteons da fama, saúde e beleza. Esqueceram-se da transparência do espírito e focaram preferências no e-commerce, na comunicação instantânea sem raízes da consideração e amizade duradouras.

9.  No espaço deste pensamento livre, não pretendo analisar o câmbio, tarefa dos especialistas do Banco Central do Brasil, que dispensam interferência leiga e administram o dólar no recurso do CPTAX atualizado. Não pretendo inferir das metas e valores das intrincadas ações monetárias, pretendo sim tratar da liquidação do planeta terra infeliz! Da  bio diversidade comprometida pela emissão do Cº2, da Amazônia ameaçada, da fauna e flora despedaçada no Pantanal,   pelo interventor da criação, o homem racional o gestor  por excelência que não cuida de seu quintal maior.

10. E na confluência destes dias tristes, não menciona-se o autor da vida, que ao criar a natureza, com sábia desenvoltura  e sabedoria destinou-a fins e direitos que seu administrador não poderá mudar, destinou-a que usufruísse da abastança, que prodigalizasse ao homem os meios de subsistência e conhecimentos necessários para progredir quase ao infinito sem destruir o meio ambiente ou o ambiente todo.

11. O homem parece que anda meio esquecido de seu destino finito e vive pensando que vai durar indefinidamente, por isso mune-se dos bytes soberanos, desaloja os animais de seu habitat natural, delapida o solo, e com os tratores de sua desmedida ambição valoriza o vil metal e inverte as leis da criação.

12. Foi-se o tempo das vagalumes solidários que iluminavam o sertão e os terreirões de pedra das fazendas do café, acabou a era gostosa e divertida dos luares de São Jorge, o santo guerreiro, das prosas a beira do fogão à lenha, da vida simples e pacata do homem interiorano, de sua fé rude e presente nos planos de Deus.

13. O mote presente está  a serviço de outra causa, a dos lucros, a da moda, onde subjugam a flora pesquisada no intuito de conservar a beleza da pele ou restaurar os sinais do tempo que chega meio agalopado, as enzimas naturais, outrora belo achado, hoje são obrigadas a salvar a mulherada, retardando a idade, se adequando a infindas vaidades ou os néctares saborosos com intuitos de longevidade.

14. Tá tão pequeno o pensamento que estou chovendo no molhado e tá arriscado a não fazer me entender. É só isto? Tudo isso! E o conjunto do equilíbrio global onde fica, quem não tiver acesso as estas facilidades vai para a roça sem a beleza artificial da cidade, quem não se envolver com os marketings elaborados talvez não tenha acesso ao bilhete do trem que partirá a qualquer instante para a era do caos sem o recurso do grande retorno suspirado.

15. Onde está sendo veiculada alguma campanha pela paz sem fronteiras? Na dissertação atual onde estão estampados os direitos do Criador da natureza, para que a bela alma humana finalmente se estabeleça? E maravilhas aconteçam? Os senões estão por toda a parte estabelecidos, gastam rios de dinheiro, pesquisas nos enzimas da moda, procuram sofregamente os insumos corporais, absorvem e deslocam da natureza sua força in natura artis para fins particulares que não servem ao conjunto da humanidade. Em suma, a beleza pela beleza e dane-se a pele alheia nem que para tanto precisem sugar a última planta, a última seiva do planeta verde.

Helder T C Alvim

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  ‘ Seja mais simples que puder, sua vida vai ficar mais descomplicada e feliz!’ ...