sexta-feira, 15 de julho de 2011

Laetitia x Tristitia nos Montes Nuba

1. A alegria, alegria, quem não queria ter...? Termo em latim, laetitia, é um estado de espírito que se manifesta de diversas maneiras. Até quando entendo não é permanente, dado a condição humana apresenta-se transitória.

2. Até hoje os estudos avançados da psicologia não souberam defini-la bem ao certo.Seriam humores, certezas, conveniências ou uma gama de tudo junto ao mesmo tempo. A gente sabe quando chega e não quer deixá- la ir embora.

3. Bem dosada, a alegria equilibra a balança do sentimento, da vontade e da razão. Em demasiado  dá indigestão, se der o ar de sua graça, deguste-a e saboreie sua leveza.

4. Ela tem várias faces, comunicativa, reflexiva, solta, contida. Às vezes quer dizer algo que a anima, um concurso aprovado, uma conquista realizada, tudo é motivo de pátio e deixa o contemplado de cara nova.

5.  As férias do sonho, o casamento marcado, o nascimento do primeiro herdeiro, a casa própria, o carro zero na garagem, aí a bola fecha  a rede num gol envolvente.

6. Tem aquela que reflete sonhos almejados, duradouros, a que se desmancha em risos, a meio triste, mas solene traduzida em agradecimento que ao passar deixa seu hálito quente e envolve totalmente a vida da gente.

7. Super, ultra, mega alegria, não existe, 24 hs. no ar nem pensar vira folia, a completa, traz um quê de melancolia, vem e vai logo ao amanhecer, a do conto de fadas fica a cargo dos filmes da era cor de rosa.

8. - Que bom! O poeta finalmente esqueceu o tema amargo, sério e sua carranca voltou ao normal com ar despreocupado, que legal! 

9. Por ora sim, estou alegre, nem sei porque, acho que a indefinição me contenta, esvazia o pensamento, esfria a cuca e não me embaraço com o movimento.

10. Existe a que pertence a outra esfera, dizem ser enigmática, mas é espiritual. Tem-se notícias dela em Cesareia de Felipe com Paulo de Tarso, o apóstolo dos gentios: "Não sou eu mais  que vivo, mas é Cristo que vive em mim." E nas lendárias montanhas de Ai Karim,  revestida de beleza conceitual, a Virgem Maria entoou por ocasião do nascimento de João Batista, o precursor, seu cântico de ação de graças, o poema mais puro e alegre de todos os tempos: "Magnificat anima mea dominum, et exultavit spirituo meo in Deo salutari meo."

11. Por outro lado  nem tudo são flôres no quintal da humanidade, tem espinhos pontiagudos fustigando-a incessantemente sem dó e piedade. Na confluência destes dias tristes, a alegria nos é servida em conta - gôtas. E não adianta prendê-la num frasco, pois ela se quebra ao menor solavanco ou toque.

12. E em pensar nos Montes Nuba, no Sudão, por lá a realidade é bem outra, é de arrepiar os cabelos e indignar só em pensar. E quem diz é o abalizado jornalista Nicholas D. Kristof -ver a matéria no Diário do Comércio - Opinião 12/07/2011 Pág. 3) "...limpeza étnica, assassinatos, estrupos." e continua seu alerta máximo a favor dos Sudaneses perseguidos e massacrados impiedosanmentes pelos seus  títeres locais.

13. "... Execuções porta a porta de civis indefesos e completamente inocentes, frequentemente   com gargantas cortadas pelas fôrças especiais de segurança interna." E ressalta: "...no momento, os Montes Nuba talvez sejam a Capital mundial de crimes contra a humanidade."

14. É importante frisar que a Avaaz está em ação lá também conclamando os internautas para se unirem em prol da causa dos Montes Nuba e veicula um urgente abaixo assinado aos governos das Nações no sentido que façam algo que venha a cessar o horror naquele país dos irmão em África.

15. A pouca paz que amealhamos está evaporando em nossos corações, o mundo está fervendo a panela de um caldo que não se pode degustar nem oferecer aos irmãos, ficamos tristes com os fatos desconsoladores acima e a nossa tristeza chega ao auge com um grito lancinante, unido ao Jesus Crucificado, ao tomar conhecimento do massacre nos Montes Nuba.

16. É preciso encontrar mecanismos que façam parar lá e em outras partes do mundo as atrocidades desta era moderna e cruel que envergonha a humanidade, que nivela tudo para a dimensão do abismo.

17. Enfim, é preciso um circuito novo, totalmente diferente deste que presenciamos contristados e amargurados, ou seja acreditar na paz universal, na solidariedade sem peias, na força da união, na reconstrução do mundo bom, desde seus alicerces sob o parâmetro de Deus, transmudar a tristeza presente em alegria perene, aquela oriunda do espírito do bem, aquela que sopra felicidade, bondade e amizade sincera proveniente do coração daquele que passou a vida realizando só coisas boas.

Hellder Tadeu Chaia Alvim

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