terça-feira, 14 de junho de 2011

O ciclista e a curva da historia

>Solicito aos leitores solidários deste blogger, um minuto de silêncio em homenagem a todos os ciclistas que tombaram em defesa do planeta sustentável, principalmente Antônio Bertoluci.
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O ciclista e a curva da historia
1. Mais um ciclista morto pela estupidez do trânsito na cidade de São Paulo -Brasil. Desta vez foi o empresário Antônio Bertolucci, um homem de hábitos saudáveis, se utilizava da bicicleta diariamente quer para lazer, quer para ir ao trabalho,  a padaria,ao mercado. De carácter reto e bondoso, era um esportista entusiamado pela natureza e fazia questão de deixar seu carro na garagem para dar o exemplo de um mundo melhor, mais respirável e totalmente viável para as futuras gerações.Por isso a razão de estar pedalando com semblante sereno e alegre no momento fatídico que colheu sua existência para sempre.

>Dia 13/06/20011 vai ficar na história desta cidade, coincidência ou não é também a festa do seu onomástico Santo Antonio, o nome secular do frade franciscano era Fernando de Bulhões, de origem portuguesa, depois tornou-se doutor da Igreja na ciade de Pádua na Itália. Costumava pregar para os peixes e tinha em comum com Antônio Bertolucci um amor forte e consciente à natureza  e às ações simples e eficazes em prol do semelhante.

2.No duelo de titãs, o dióxido de carbono está vencendo o ser na realidade paulistana nua e crua, fez várias dezenas de vítimas só este ano e no passado ceifou a vida da jovem Márcia na Av. Paulista e creio que em outras partes do Brasil a situação não seja diferente.

3.Será que vale à pena tanto progresso,tanta correria, tanta falta de qualidade de vida, se as máquinas fatais estão aí por toda a parte prontas para derrubar e matar nossos irmãos, os mais lúcidos e coerentes com o planeta terra.

4.Essas máquinas mortíferas da modernidade sairam da ficção, invadiram a faixa dos ciclistas, não estão nem aí para o artigo 201 do código de trânsito e estão sobre rodas cada vez mais velozes e furiosas, imprudentes, inconsequentes medindo fôrças, movidas pelos combustíveis fósseis contra os seres humanos, criados a imagem e semelhança do Criador.

5.Ontem por volta das 22.hs aconteceu um protesto dos ciclistas na av. paulista, iniciado antes no local do acidente, praça Caetano Fraccaroli aquela que dá acesso a alça de entrada para a avenida Sumaré. Um ato silencioso, inconforme mas grandioso em memória daqueles que se foram, os heróis ciclistas que em vida protestaram forte, que começaram a mudar a realidade, por isso mesmo regaram com seu sangue o asfalto da maior metrópole da américa latina, São Paulo.E não será em vão Antônio Bertolucci, Márcia e tantos outros, paladinos de uma nova era, lúcida, sincera, despoluida que nos espera.

6.Posso ser poeta, posso ser escritor, posso ser ciclista, posso ser motorista, posso ser pedestre, posso não conformar, posso não blasfemar, mas "etá vida marvada". Enquanto escrevo isto, ouço as aceleradas dos ônibus, dos carros, das motos, vejo muitos avançando os faróis, vejo a caoticidade do trânsito, os ânimos se emperrando... Até quando!

7. Estaciono meus rascunhos na gaveta,com cuidado, uma sensação triste volta a minha mente mais um amigo se foi, de uma maneira inusitada, bárbara, pedalando pela solidariedade, defendendo-nos, alertando a  terra ameaçada,e não por alienígenas, mas pelos seus próprios filhos.

8. Segunda-feira 13, dia de Santo Antônio, o santo sábio, humilde,que não posuia rompantes de grandeza, amava o próximo e se imolava pelo mundo bom. O frio aperta, gela o pensamento, o jeito é "quentá" longe do burburinho ameaçador das ruas, uma sopa de letras e prantear em prece por esta perda irreparável e formalizar a indignação.

9. Ouço o grito mudo de milhares de vozes estupefactas exigindo pressa, aquela da lentidão na construção de faixas exclusivas para os ciclistas. Não trata-se de miragem, a cidade não vai parar, e sim adequar à realidade, proteger os ciclistas das turbulentas quatro rodas. 

10.Ouvi de Nino - o homem tuaregue, das aventuras palmilhadas no selim da Tenere robusta, já se programando para desbravar paises irmãos da américa, futuramente neste blogger a façanha pelo seu olhar intuitivo conhecerão.Me relatou minuciosamente o jeito que é na cidade de Aracaju a vida dos ciclistas um chuchu de beleza.

11.Como foi dizendo o sonho tornou-se realidade para os ciclistas daquela bela cidade, pedalam nas faixas demarcadas com toda a tranquilidade. Tomei conhecimento também de uma carta do ciclista goiano no buscador Google demonstrando um plano inteligente, inspirado no modelo de Aracaju, para Goiania do coração da gente assinado pelo - mailto:pelGrupo@pedalgoiano -  vale a pena conferir na íntegra.

12.Voltando para cá de olhos lá em Aracaju luminosa, nossa metrópole ufana-se de seu pib gigante, centros financeiros radiantes, tem movimento de colosso, azeitona sem caroço, economia forte,a locomotiva supersônica que puxa os destinos da América Latina, eu diria que vai ser o pêndulo do futuro.

13.Os olhares globais começam a perscrutar o Brasil.Será que se posiconará à altura quando desposar a hegemonia? Será que seus dotes, de riquezas naturais, sustentabilidade, valores morais se conservarão intactos? Ou serão violados pela lógica emburrecida  derrapando nas pirambeiras oportunistas, enclausuradas nas berlindas mal iluminadas de uma soberania patética ou permanecerão perenes em consonância com o pulsar do verdadeiro sentimento nacional. São perguntas sobre as quais seria fácil de responder hoje e difícil de acertar amanhã.

14.A metrópole que amamos tem anseios legítimos e um deles agora em foco, dado o acontecimento trágico que vitimou seu filho Bertolucci é a questão urgente das ciclovias permanentes. Se a cidade é esta potência que acreditamos ser terá condições, engenharia suficiente para estar a altura de sonhos latentes.

15. Não seria o caso de importar a medida que deu certo, implantando a idéia de Aracaju pioneira, neste solo bandeirante, chão de todas as nações, a São Paulo da interrogações, das projeções verticalizadas, das consecuções planejadas?

16.Assino estes versos tristes, coração amargurado ao lembrar a sina dos antonios martirizados, massacrados aqui, lá, acolá... e afirmo que não cabe discriminar, delimitar o ir e vir sobre duas rodas dos ciclistas solidários na São Paulo moderna, antiga, futurista empenhada sempre em mil razões, sufocada por mil senões. Racionalizar é uma forma  altamente  produtiva de amar... Vê lá, hein!!! 

17.Me estendo porque entendo ser a pauta urgente do gabinete, da diretoria que rege o destino da maior e mais bela cidade que conheço, estudo e mereço sua atenção sempre. Tivemos "a cidade limpa", um sucesso que o prefeito Kassab merece ser lembrado. Agora é a vez da cidade ciclista. Competência e logística não faltarão na planilha diretriz.

18. O governo da cidade nação , constituido legítimamente pelo escrutínio popular dará vazão ao seu anseio, saberá afastar  o lobby do cambão ligeiro para a cidade respirar. O ar, as ruas são de todos, ciclistas, automobilistas, pedestres. A qualidade de vida é um bem maior e não dá mais para protelar.

19.Versos sentidos, versos partidos, versos engolidos à seco, sensações verticalizadas de uma partida não prevista, digerida ainda crua, sem o tempo necessário ao forno quente, sem o ombro de um amigo confidente, dirigidas hoje àqueles valorosos ciclistas - precursores humanistas das mudanças de rumo, construiram a balança de prumo certo, e não puderam usufruir a beleza da vida, das pedaladas infindas, das avenidas partidas, pela tristeza de uma recente  perda.

20.Colhemos na delicadeza das pétalas espedaçadas a certeza de seus gestos bons, a esperança que resta, a réstia de luz que sonhou viajar o planeta, no equilibrio dos pedais, nos raios partidos, assentando em selins de panoramas imprevistos, nos quadros que encerram a direção segura dos prognósticos sem fim.

21.Protagonizaram momentos felizes, nos guidons das cicatrizes, nos capacetes que impediram quedas fatais, nos sorrisos nos lábios da familia unida, que hoje chora a ida, o destino atroz, que o trânsito roubou num instante fugaz.

22.Na corrente que avança, nos elos que os irmanam enxergamos seus braços que acenam abraços de paz, hoje silenciados, triturados nas nulas ruas, vazias que estão sem os pedais de ouro que o tempo ofuscou.

23.Na brisa que sopra um canto de luz diáfana, ouvimos suas vozes em coro torcendo pelo planeta terra que habitaram e hoje a realidade divina os envolveu completamente com seu manto etéreo de mistério.

24.Estamos atravessando a turbulência exata e o vácuo nos espera se não mudarmos o leme, nem mesmo o piloto mais experiente, com horas consagradas de vôos poderá nos safar do perigo iminente.A nave terra, mal sustentada, adentrou em uma zona única e atípica, esta é a curva mais perigosa de sua história e uma manobra mal feita e lá vamos nós todos, indistintamente, para o beleleu, sem volta. 

25.Texto longo, rebuscado, fora dos tópicos normais? O poeta mínimo resolveu encher o máximo este blogger, esticou a linha e não vai parar mais de falar gente sensata, dirá alguém, meu camarada.

26.Obrigado amigo pela lembrança, você deve concordar comigo que este acontecimento mexeu com os ânimos adormecidos da população, e me incluo na lista. Vou me estender mais dois a cinco tiros de pedra e terminar de atravessar esta cachoeira incerta.

27.Estas são as lições que nos deixaram o episódio triste amplamente chorado, lastimado por extenso, em prosa elaborado e em versos cantado em coro com todos os ciclistas do mundo.

28. Apresenta-se como uma pálida verdade do que vai patente na mente das pessoas realmente preocupadas e sobressaltadas com o destino nada bom que nos espreita na citada curva da história.

29.Num dia fatídico, na av. Sumaré em São Paulo rodas emborrachadas conduzidas pela impericia e imprevidência de alguém, nocautearam, ausentaram do convívio da família, e das ruas amplas a vida benemérita de Antônio Bertolucci.

30.Partiu de uma forma trágica um homem, um pai, um espôso, um avô amado, um amigo  dos amigos de seus amigos, um ciclista pioneiro e desbravador das paisagens paulistanas, um própero empresário da Lorenzetti. Deixo aqui meu aperto de mão aos seus familiares, meu abraço de condolências, meus pêsames sentido no fundo do coração de um poeta ciclista, que na infância e juventude percorreu vales, planicies, montanhas da estância Pirineus adorada e hoje pedala nas rimas soltas e livres em demanda do mundo bom  como queria Antonio Betolucci.

             Conclusão

a) Ao finalizar este tema candente espero que as mudanças estejam a caminho, a passos largos, pedalando outra realidade, sem atropelar os anseios da população senão terá sido em vão tantos sacrificios juntos, tanta abnegação dos ciclistas, atualmente na lide sagrada das pistas, e outros que partiram e assistem dos selins eternos a perfomance adoiadada da sua mãe terra devastada. Por sua ótica intuitiva, observadora eles não simplesmente pedalam flanando aos ventos dos acontecimentos, mas afirmam conceitos que praticados trarão a solução para a crise de montão que hora nos encontramos.

b) Eles nos fazem compreender em sua evolução simétrica e calculada nos mínimos detalhes, que a modernidade bem entendida passa longe do mundo desenvolventista atual, que descarta valores, cultiva pavores solapando repticiamente a solidariedade, a humanidade, que nos priva de um tempo maior com a família, os filhos crescem longe dos pais, longe do calor humano e mais tarde serão para seus filhos, país ausentes e daí por diante numa escala decrescente de valorização pessoal negativa.

c) Na sua evolução harmonica fazem nos sentir que a vida, passageira do tempo, roda ininterruptamente e deve ser vivida em função da amizade, da cordialidade de verdade.

d) A lição que nos ensinam, não frequentam as cátedras magistrais,a pós e a doutoração. Sim aguçam nossa imaginação para o carácter belo nossa existência, dos passeios em grupo nas manhãs ensolaradas, nas tardes bucólicas do concreto armado.

e) A sua simples presença no trânsito nos transporta para outro universo mais ameno, alegre, sem crises existênciais, suando a camisa em mudanças radicais, andanças fenomenais.

f) Ao passar por nós, estão sempre atentos aos pedestres, tem um sorriso cordial estampado nas suas faces queimadas pelo "sol" da capital, geralmente em bando, nunca perdidos, sempre orientados pela calma e reflexão que seu veículo proporciona a eles.

g) Enfim, ciclista e bicicleta são um só todo, não há dicotomia em sua peregrinação. Respeitam a natureza, a sustentabilidade, são cidadãos e merecm respeito e atenção. Se você não é, torne-se ciclista do asfalto, pedale com gosto, acenda o entusiasmo e aproveite da vida este bom pedaço.

h) Amanhã quando a rotina voltar e descer sua cortina de tédio, ative seu bom senso, pegue a bike e dê um giro envolvente, encontrará muita e muita gente que pensa e vive igual a você. São os ativistas do bem da nossa metrópole, anjos da guarda do planeta, as reservas de generosidade e heroismo desta cidade e ninguém tasca.

I)I terminou assim:- Amigo dê uma chance para si, dê uma chance para a fé na humanidade, olhe mais para o irmão, pedale, pedale ao som da canção dos ciclistas que se foram, abraçe com vontade os que aqui estão, escreva no guidon um poema e viva no selim a razão plena.

Helder Tadeu Chaia Alvim

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