quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Desembocadura

1.Não vou arredar o pé de minha função de poeta, mesmo sem os louros, mesmo sem o reconhecimento, vejo que é preciso continuar, enquanto houver um papel em branco mesmo na solidão em meio a tanta gente circulando em prantos sentidos, uma força motriz me impulsiona pois fui picado pela môsca feliz da rima de raiz.

2.Não esquento esta rima, nem pretendo entender sua façanha estranha, não vou escrever em busca incessante das competências diversas. Às vezes - me dirá - para medir as palavras que falam muito e não dizem nada absolutamente. Agradeço o conselho e direi para não me perguntar porque sou assim e mesmo digo que não encontrará o sentido desta página incerta. Certo mesmo é a finitude que nos espreita na curva de um caminho sem volta.

3.Amigo não pire a sua cabeça, dê um suspiro, agradeça a Deus ter a mente inteligente que tem, estabeleça os parâmetros exatos do poeta do caos que pretende solicitar sua aquiescência nesta causa mínima do fazer poético, ela vai me animar a continuar escrevendo para espairecer.

4. Se sou vocacionado para o fato ainda também não sei, só pretendo não parar nunca, enquanto o sopro de vida me animar vou prosseguir pisando alto, falando calmo acerca da trilha incerta que eu mesmo não averiguei aonde vai desembocar.

5.Me alcunham de poeta do nada que rabisca versos até ao amanhecer, que se auto define  andante do espaço, que tem a pretensão de ser um vagalume solidário a tocar o infinito, que almeja um ideal absurdo do mundo bom, que quer atravessar muros invisíveis e tocar a fimbria de panoramas sensacionais.

6. Aceito a provocação procedente e fica o convite insistente para comigo e tantos outros ultrapassar o tangível, ousar o transcendental e quando findar nossos dias alguém possa dizer: aqui jazem os poetas inconformados e nada mais!

Helder Tadeu Chaia Alvim

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