quinta-feira, 13 de maio de 2010

Rebordosa interrogativa

1. O melhor termômetro para a temperatura da vida é nossa infância, época em que os sonhos desabrochavam em tonalidades de ficção,quando de manhã respirava a nossas existência toda em oração, ao meio dia cantava uma canção desconhecida, repleta de significados que hoje relembra com emoção.

2. À noitinha,naquela nostalgica sensação do sertão, pensava um pensamento forte,ouvia as vozes dos antigos e seus causos nobres,uma lição atrás da da outra em forma simples, mas narrada de maneira autêntica à luz tênue da lamparina, os personagens ora intuitivos, ora medonhos desfilavam a sua frente, imaginados na narrativa quente.

3. Não posso me esquecer, as pequeninas ações eram grandes, o colo materno a riqueza, "o eldinho meu filho", a personificação da esperteza boa, sem as maldades que desvirtuam a inocência à troco de nada.
4. A lição de casa um monumento ao saber,as pessoas próximas,os "cumpades" vizinhos e agregados da estância ensolarada,cheia de vida própia, referências de contentamento.Parecia uma alegoria rural do paraiso quando Deus se dispunha a vir falar ao coração dos primeiros pais a sussurrar uma música inaudível hoje aos ouvidos ocupados dos grandes centros urbanos, marejados de efervecências artificiais.


5. Um dia veio a juventude e ainda conservou a louçania,os ideais primeiros,os sonhos esboçados na meninice. Alcançou com esforço o conhecimento, trabalhando de dia candeando boi,estudando no povoado à noite, afirmou-se com ousadia e persignou-se ante os primeiros embates e investida da serpente insidiosa.

6. A idade madura chegou, o inevitável exôdo,não quiz acreditar,quando surgiram os primeiros cabelos brancos, que teimava em arrancar,nasceram outros e mais outros. As decepções desmoronaram os castelos de ar e o senti mento apertado se perpetuou na imaginação da jovem existência,desde então percebeu que o mundo não era aquele róseo da infância.

7. Quando pensou que não já estava na idade adulta,aceitando as provações sorvendo o cálice da dor com as perdas familiares e assim por diante na sua peripecia a existência continua, inexorável.A velhice bate à sua porta com seu cajado caçoando do seu passado e oferecendo um porvir incerto como os ventos que ela, senhora de si e dos destinos assopra, não iluminando mais a Pirineus, mas acabrunhada no meio da cidade grande, eldorado não dourado de suas decepções.

7.Perdoe-me, leitor, que me acompanha bondoso, se interrompo a narratiava e declaro ser esta página um rabisco do que se passou no meu entender, sinto muito se não preenchi a lacuna da interrogação que almeja conhecer. Deixo a você completar a explanação que ora projeto neste b@og que interage a intenção.

Helder Tadeu Chaia Alvim
Poeta Mínimo

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amurada final

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