1. Uma vez uma coruja solidária sobrevoou certo país do hemisfério sul, pousou num galho de um velho carvalho centenário e lá fez sua morada.Vieram os ventos, dias de temperatura amena noites tremendas de tempestades, a primavera florida chegou, o outono de fartura, o invervo inclemente e o verão esbanjando mormaço quente, folias e festas brejeiras, exatamente.Os anos se passaram e agora a sra. coruja contabilizava resultados felizes, estava casada com um certo sr. coruja, responsável, um marido amoroso, um pai carinhoso, que catava minhocas nas tardes de folga para seus filhotinhos. Sua casa no oco do pau tinha lareira, varanda e despensa cheia. A convivência entre os da sua espécie era perfeita,a floresta onde habitava era um encanto, ladeada por três cachoeiras, nas tardes de calorão intenso, uma brisa mansa espargia goticulas sobre os telhadinhos verdes etodos se refrescavam a contento. A d. coruja se tornou uma espécie de 1ª ministra no seu reino encantado. Vez por outra a tranquilidade era quebrada por lobos vorazes que rodeavam soturnamente nas noites de breu. A união, a experiência e os cuidados necessários frustravam sempre as pretenções maudosas deles. E d. coruja reinava bondosamente e parecia que a felicidade de situação iria durar sempre.
2. Um dia apareceu o dito progresso com cara de poucos amigos, mandou os agrimensores medir o terreno, encostou de noite as máquinas de terraplenagem, os tratores de engrenagem e sem dó e piedade arrancou daquela paisagem o carvalho e a casa da coruja solidária. Bem que ela tentou, seu coruja brigou, protestou e foi abatido pela sanha do inimigo. Restou a coruja e os orfãozinhos sobrevoarem para outro lugar e nunca mais se ouviu falar deles. Foi uma dispersão geral, em pouco menos de três viradas de lua o reino feliz desaparecera completamente.
3. Naquele lugar surgiram prédios enormes, asfalto e motores barulhentos e a natureza então calma, amanheceu diferente, ar pesado, com gente apressada e o canto triste da coruja nunca mais foi o mesmo pois o vozerio sem alma anulou sua aura e a destinou para o destero sem volta.
4.Moral da história: Coruja que gava o toco fogo nela. Mas aquela que é amiga, que do alto do toco espreita o perigo, prepara-se para ele, alimenta seus filhos, foge da confusão, é justa e solidária no seu cercado, aplausos para ela.
5. Vou lá... se porventura encontrar-me com a coruja solidária, mando um recado cifrado em forma de verso rimado.
Helder Tadeu Chaia Alvim
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