1.Escrever para espairecer, quantas vezes declarei este estado de espírito que norteia muitos de meus colegas de inspiração, máxime na Augusta Paulistana, palco de realizações, entardeceres consumidos de desilusões. O quanto amo a realidade poética, diversificada,ilustrada,tremenda, triste, alegre, alvissareira, não sei o que dizer mais. Mas ela me atrai, me seduz, induz ao nada. Sem soluções aparente, me pergunto de que vale a vida, fora deste horizonte, num instante perde-se tudo, sonhos acalentados, esquecidos em uma esquina cega que seca anseios certos.
2.Quanta desilusão, quanta frustração permeia a existência humana. A alma acalenta, canta e percebe quanto o mundo bom, almejado pelos poetas maiores está longe. Sem pensamentos definidos a humanidade apenas vive e não requisita o sublime, nem imprime na vida o tom sagrado. O descaso pelo ser tornou-se patente, vive-se o momento agitado do ter para demonstrar conquistas vazias que quando alcançadas jazem em cinzas frias.
3. Já corri atrás delas, confesso, a matéria instavel e colhi desilusão. Ouçam, ouçam, parem,reflitam, por favor e mudem o rumo que se pulveriza com o som de um trovão. Não escrevo para assustar o irmão, não é minha intenção, apenas relato e constato o imenso vazio, frio de minha conclusão.
4. Quisera outro mundo, regado de atenção ao semelhante, onde amanhecesse diferente, crente no autor da criação. Aqui toco o ponto da despretenciosa dissertação, temos hoje tudo à mão: tecnologia, avanço digital, alta definição, a informação em tempo real, mas a felicidade de situação esta a quilometros de distancia e não há especialista que saiba diagnosticar o mal. Isto consome o ânimo que restou em nossa imaginação. Tão bom se um mundo ciente, o calor humano presente,as alienações afastadas e as realizações concretas voltassem a pauta de nossas intenções.
5. Esta é a fala de um poeta calejado, ovelha desgarrada do redil convencional, que antes de descer a tumba que o silenciará para sempre, deseja com sincera intenção que o vôo interrompido da humanidade seja retomado, sem tardanças e encontre condições atmosféricas favoráveis para aterrissar em um aeroporto seguro, onde o sol nasça para todos sem devaneios tortos.
Helder Chaia Alvim
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