sexta-feira, 24 de abril de 2009

Vindoura Solução

Vou continuar escrevendo versos, um amigo, o grande Anivaldo Ferreira, mestre na poesia pura,à frente da casa de cultura Santa Teresa me disse em riste solene, não titubeou, numa tarde de lunações lá no Embu das Artes, terra que respeito, o seguinte: - Helder,vamos levar uma poesia para este povo que nos assiste,pois é só o que sabemos fazer, visse!

Então, pretendo tanger o sino da emoção, viver da escrita é quase viagem perdida, será!Mas mesmo assim vou continuar, poeta da periferia, me ufano de levar minha glosa na gloriosa São Paulo dos contrastes, sem os quais não seria ela mesmo. Mas vamos lá, juntos, percorrer o caminho do pensar, tangendo forte, esperando que a sorte nos sorria à moda de Patativa do Assaré, que soube tão bem esplanar idéias, com graça e leveza, cônscio da grandeza da pátria de singeleza. Rezando na sua cartilha,admirando seus dons da poesia, me chamo Helder Alvim - poeta mínimo - aqui procrastino palavras, imaginando prosas até ao amanhecer.

Se é verdade que a fila anda, os versos dos poetas do povo acompanham sua evolução e ainda nesta cidade se revelarão, hoje encontram um coração ferido, que na emoção compartilha com ele este universo em transformação, para melhor, vejo que está chegando a vindoura solução.

Vinte e hum de abril de dois mil e nove, por extenso data quase nobre, sem entrar no mérito da questão, inconformado com a situação de descalabro político-social, destinos desviados que não contemplam a razão, convido-os a derramar comigo versos do coração, pois encontrei dois parceiros, confabulamos nossas conversas e buscamos a seis mãos um ponto de junção, elaboramos teses, nos identificamos no que reze aos destinos do Brasil nação.

É, amigos, só sei escrever versos, por isso me alinho no reverso de uma existência que confesso ser passageira, busco com insistência o elo perdido, no sufoco, canto e grito, tentando entender a sentido último de uma única existência que passa e se inunda de preocupações.

Saibam, amigos que eles animaram este velho poeta e disseram sem dizer palavras certas,num feriado quase banal, me empurraram para frente e nas entrelinhas conscientes deixaram teses incontestes. Deparei-me com dois inteligentes jovens, num mundo carente de lucidez, pois eles esquentam com carinho a tinta das boas intenções.

Se a vida vale à pena, e vale muito mesmo, vejo que eles chegaram no ápice da contemplação, me ensinaram verdades adormecidas, escondidas em suas mentes abertas, que guardam a vontade certa de mudar a situação. Dois estudantes, um de padagogia, o outro filosófo em formação.Raíres e Edson, mereceram esta trova amiga e saibam que peregrinam em meu coração de um poeta do povo que insiste em tanger as fibras adormecidas que nos levarão a um mundo novo.A vida continua e não para jamais, sei que esses dois irmãos chegarão longe, mais longe do que se possa imaginar... Guardam o frescor, a força e a resolução de vencer barreiras e dividir com os outros, a pérola preciosa do conhecimento.O poeta necessita de um alento, ser acordado do sonho e passar à realização, saber que os seus versos não se perderam no amálgama confuso de vazias confabulações.Que alegria, quando em vez, surgem pessoas que partilham o seu sentir, embelezam em alto relevo o seu viver e carinhosamente oferecem-lhe um aperto de mão.

Helder Chaia Alvim

Nenhum comentário:

O cacarecado x ativismo do senso comum

  O cacarecado x ativismo do senso comum O momento estonado traz um viés de tudo ou nada, uma espécie de negação das verdades absolutas em p...