sexta-feira, 24 de abril de 2009

Quando a vida se fecha...

1. Vê se me compreende, amigo que me lê,procuro nas letras alguma significação,não tenho tema, apenas digo que a vida para mim se fechou.Preciso de um conselho, não sei se vou,se fico, se mudo aguardo um sinal pretendido.

2..Eu que tantas vezes encontrei no soneto o alívio, avisei aos outros o que sem saber ora se passa comigo.É fácil ver as chagas alheias, mas quando a correia dos sentimentos  aperta as feridas abertas da gente, aí a coisa pega,a alma titubeia, se esvai, emperra, empaca em teias abstratas.

3.Nessas horas, o cabedal de conhecimento se pulveriza e previsões concretas sinalizam a iminente capitulação, o ânimo enrijece e de pouco adianta querer, se esmoreceu o bem querido viver.Não sei se passo, se vou, se fico, se grito apelo para seu juízo para não enlouquecer,você que me conhece, partilha comigo emoção,será que a minha escrita fora em vão?

4.Poeta conselheiro, parece-me que disseram ser...sequer consigo usufruir um milésimo do que afirmei em exaustiva dissertação.Alheia, a poesia comigo se fecha, companheira de outrora, agora se ausenta de minha presença, será que ela conspira, me põe à prova ou desdenha minha inspiração?

5.Escrever é fácil, dizer palavras é agradável, mas quando a vida entorna o caldo, o jeito, numa espécie de fuga, seria: " fechar-se em conchas e não procurar saber o que perdeu," no dizer do poeta Andri..O que sobra? Nada, apenas o vazio de uma rima desalinhada, um chapéu, encostado num canto escuro do armário e que sente a falta da pessoa amada. Dos ohs! que recebia, apenas a lembrança vaga; das certezas iluminadas, as promessas roubadas pelo sopro da desilusão.

6.Poeta mínimo, ainda encontro forças para assimilar um tempo que foi bom, muito bom, ajuizado nestas anotações.Não cabe a mim tentar explicar o distanciamento sem razão, se abro o assunto para conhecimento público, guardo para sempre as nuanças tristes daquele momento único, quando a vida se fechou, quando o silvo dos ventos e a aura da manhã se afastaram e das mãos de um pobre poeta sonhador escaparam imperceptivelmente a luz de seus olhos, e  a imagem meiga que o tempo para sempre apagou.

7.É o que tinha a dizer, não deixei a mágoa, nem palavras ásperas permear o texto desenvolvido, longe de mim tais avaliações,dos desacertos meço bem o alcance de minhas lacunas cultivadas,e tenho em mente o desencaminhamento que motivou a separação.

8. Já que me pediu ajuda, poeta, tomo a liberdade de constatar neste parágrafo final de sua fala alusiva, um tanto formal, acho-a eu. Que quando aparecer um novo amor. A vida é um eterno começar, porque não? Aí vais saber conservar a sintonia, desenvolver a sinominia perfeita e o vazio desta rima será preenchido em igual proporção.

 Helder Chaia Alvim

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