Deu-se o eclipse da Lua e foi visto a olho nu. E foi por acaso...
Não sei... A coincidência tornou-se risivel, não previsível.
Estava pastoreando um ratinho atabalhoado no telhado, quando espiei o céu de soslaio e lá estava Ela eclipsada pela Terra,
exatamente as 01.13 horas.
Os físicos já tinham determinado os parâmetros exatos. Choveu antes e o céu paulistano límpido permitiu o inusitado. Não pretendo explicar o fenômeno, me atenho ao momento sui generis. A Lua soberana não brilha, a Terra refletida nela rouba a cena. Oh! a Lua
avermelhada, há tempo esperava por este encontro para confabular com sua amiga Terra.Certamente terão muito o que conversar,
creio que continua a mesma de antes, a Terra nem tanto. Aqui o movimento vai mal, a poluição aumenta, a crença na inocência
diminui, os rotores se estranham, os níveis de convivência se degeneram.Por isso esta viagem da Mãe Terra veio a calhar.Vai voltar mais remoçada, aliviada, animada, de consciência límpida,
para refletir novos sonhos, novos rumos na sua trajetória incansável
pelo espaço sideral.
Quando criança, no colo de meu pai, tive uma vez esta grata satisfação.Hoje poeta vivido,me encontro no mesmo estado de espírito, acreditando em São Jorge, na Virgem Maria, nos Santos Padroeiros, nos Anjos Conselheiros, no ponto de equilíbrio, querendo que a Terra seja forte e aceite esta humilde loa de sorte.
Volto a dar uma espiada no acontecimento maravilhoso, aos poucos o ciclo cinestêsico da magia e beleza se fecha, a Terra se afasta devagarzinho e a Lua majestosa continua brilhando, brilhando com saudades daquele encontro. Quando me dou conta o roedor notívago
desaparecera, se não fora ele não teria presenciado o que sucedera.
Por volta das 02.08 horas termina o eclipse e tudo volta ao normal, será... Daqui há exatos 730 dias está previsto um novo espetáculo...
no ano de 2010, mal posso esperar... Imagino que surja alguma criaturinha para me lembrar!!!
Helder Chaia Alvim
SP 21;02;2008 – 01.13 hs.
Deixar a palavra impressa acarreta responsabilidades e a probabilidade de ser compreendido, a meu ver, fica um tanto obnubilada, se a essência não for bem limada. Do que adianta elaboração exaustiva se a locomotiva do pensamento não acompanha a inspiração e a aparência carrega consigo a ausência de uma cantiga suave. Não sei se a hora é propícia, só há um jeito de saber, falando agora, pois o anoitecer da vida bate à minha porta.
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
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