Deixar a palavra impressa acarreta responsabilidades e a probabilidade de ser compreendido, a meu ver, fica um tanto obnubilada, se a essência não for bem limada. Do que adianta elaboração exaustiva se a locomotiva do pensamento não acompanha a inspiração e a aparência carrega consigo a ausência de uma cantiga suave. Não sei se a hora é propícia, só há um jeito de saber, falando agora, pois o anoitecer da vida bate à minha porta.
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
O Ponto de Junção
O Ponto de Junção
Gostaria de escrever coisas amenas, de só menos importância, flanar nas asas dos ventos impetuosos pelos quatros pontos cardeais.
Ao Norte contemplaria a valentia rude, os dissabores, assim como a beleza da vitória regia, o sertão iluminado e seus valores.
No Sul me demoraria pelas paisagens insondáveis dos charcos e douradas pradarias, origem de conflitos célebres que se perdem na noite dos tempos.
Ao Leste, vislumbraria aquele horizonte com sabor de um rincão inconteste, palco de proezas ancestrais.
Finalmente ao Oeste derramaria poesias ao som do boroeste, alvo de riquezas, bem querenças e luares de singelezas.
Mas, não é isto o que me acontece. A vida agitada tem lá seus preceitos, gente andando às pressas, uma infinidade de benesses... Não é o que parece. O relógio correndo rápido, os apuros da civilização hodierna, suas teses, novidades e descobertas. Me pergunto, do que vale tudo isto? Muito e nada! Mas não há o que lamentar, considerando que no planalto de Piratininga, hoje São Paulo, imponente e apressada, encontra-se o ponto de junção do imenso Brasil hospitaleiro.
Não é à toa que diariamente nos deparamos com pedaços dele compondo a imensa colcha bordada, multicolorida, trazendo pontinhos luminosos, oriundos de nossas regiões continentais, cada um a seu modo, conservando suas peculiaridades na extensa “confusão” cosmopolita, uma impressionante harmonia na diversidade, se é que posso dizer.
Ah! tão bom seria se as pessoas irmanadas tivessem a consciência límpida, pautassem suas existências na beleza e imensidão desta Terra abençoada chamada Brasil. Deixassem de lado
os ilusionismos das cidades ditas “iluminadas”, e na vanguarda de outros feitos, sentissem e vivessem a brasilidade a nosso jeito. Somente assim, a meu ver, o País daria certo,
os atropelos seriam afastados, a sede de viver saciada e a grande consciência nacional aplacada.
Para tanto, espero que o prezado leitor, ouça este canto ameno, analise a importância do tema, verifique a concordância do mesmo e sobretudo me auxilie a concluir a extensa colcha de bordados, ora iniciada. Quem sabe da realidade de contrastes que nos cercam renascerá um
Brasil autêntico, solidário, consistente, calçado na retidão, imbuído do espírito de cooperação.
Quando isto acontecer, veremos que as palavras, os esforços, prezado leitor, de tantos e tantos não foram em vão. Então, poderemos retomar calmamente nossa cavalgada nas asas dos ventos impetuosos, lembra-se? E numa visão de conjunto, prosseguir a análise criteriosa de coisas amenas...
Helder Chaia Alvim
Coleção Vislumbre, pág 17
Ano 2007/SP
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