terça-feira, 28 de outubro de 2008

à margem de tudo e de todos

o mundo bom segundo Drumond

1. E o mundo bom não veio, meu caro poeta Drumond,
o porquê não sei,
tentamos em vão,
viramos,
mexemos,
novos jeitos de ser estabelecemos,
mesmo assim a condição humana piorou,
o porquê não sei.
Os anos se passaram...
E você tinha razão a respeito do que falou, lembra-se?!

2. Eh, amigo, suas palavras encaixam-se como luva nas cidades atuais,
trêmulas,
artificiais,
hesitantes,
no que tangem aos aspectos racionais.

3. Exito tivemos em esferas tridimensionais,
a era digital chegou esbanjando interatividade,
o fenômeno comunicação invadiu os lares,
e nunca José, sentimo-nos tão sós,
à margem de tudo, de todos,
inconformes e vazios.
Até quando amigo? Não sei!

4. A paz acabou,
o medo vingou,
o teto não é mais seguro,
a rua não existe,
de pouco adianta insistir em conceitos quânticos,
se a violência tem agora direitos plenos.
E ele não veio,
o porquê, não sei!

5. Fizemos força, sim
falamos tanto,
lutamos calmo,
tiramos folgas,
sorrimos alto,
entretanto
Ele não veio, o porquê, não sei!

6. E hoje assistimos do barranco o desmoronar do sistema,
a euforia passou e um vírus devastador chegou
Tão bom seria se tudo o que constatamos
fosse mera contemplação
mas não é não, meu irmão.
É a pura e simples constatação.

7. A política amorna e não cuida de seu povo
a corrupção fez escola, e a economia não decola
roubaram do povo seu aposento 
e o vento da discórdia alterou o ânimo da moçada
e a liberdade por um fio chora lágrimas pétreas da desavença judicada e à margem da história jaz o Brasil.

7. A mídia estampa cotidianamente as notícias verídicas...
não há como negar a desdita ou imperícia,
estamos aparentemente sem volta, a quem diga revolta,
encurralados, mas o que me consola, a parar de tudo isto:
como afirma Prof. Alberico: "das ruínas e insanidades, dias melhores virão"!!!

8. A matéria cansada reclama,
a alma acalenta, sonha e canta,
nesta força adormecida, pode estar a saída merecida!
Até quando? Poeta decano,
não julgo, apenas, declamo.

9. E AGORA... Saudoso e imortal Drumond,
tendo em vista que seremos duzentos e doze  milhões em ação!
Haja chão!!!

( Carta ao Poeta Carlos Drumond de Andrade,
Ensaios I - Coleção Monomo, pág 78 livro sexto o desmonte da democracia - Canjerana Alvim ano 2021

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amurada final

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