O logar. sem fim da vida... e a myrciaria cauliflora
'Somos assim: sonhamos o voo, mas tememos a altura. Para voar é preciso ter coragem para enfrentar o terror do vazio. Porque é só no vazio que o voo acontece. O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de certezas. Mas é isso o que tememos: o não ter certezas. Por isso trocamos o voo por gaiolas. As gaiolas são o lugar onde as certezas moram.'' Fiódor Dostoiévski, Os Irmãos Karamazov.
Poeta, eita profissão estranha, abstrata a mais não poder, e concreta que colhe as rosas no asfalto da angústia humana e as transplantam com carinho e devotamento para o jardim do mundo das ideias, lá em companhia de uns poucos loucos (você hein! que me lê agora) as colore, apara com acuidade, afasta delas os espinhos mais pontiagudos, mima-as sopra sobre elas a inspiração, e faz delas surgir poemas a saudar as rimas do coração a sonhar com o mundo bom! Fiquemos na companhia agradável de um deles, o inigualável Pessoa:
- " SEGUE O TEU DESTINO, REGA AS TUAS PLANTAS, AMA AS TUAS ROSAS, O RESTO É A SOMBRA DE ÁRVORES ALHEIAS, A REALIDADE SEMPRE É MAIS OU MENOS DO QUE NÓS QUEREMOS ÓS NÓS SOMOS SEMPRE IGUAIS A NÓS PRÓPRIOS, SUAVE É VIVER SÓ, GRANDE E NOBRE É SEMPRE VIVER SIMPLESMENTE, DEIXA A DOR NAS ARAS, COMO EX VOTOS AOS DEUSES." (Fernando Pessoa)
AQUI EM MARATAÍZES AS HORAS ESCOAM LENTAS, CONTRASTANDO SÓ COM O SOM DO MAR E SUAS ÁGUAS ROÇANDO MEUS PÉS, COMO AMO ESTE LUGAR, QUANTO VERSOS EM TORNO DO MAR, SE PUDESSE TRANSPORTARIA ATÉ AQUI, MESMO QUE FOSSE SOMENTE NUM MINUTO TODOS OS MEUS AMIGOS, TODA AQUELA GENTE QUE VI UM DIA... GENTE IMPETUOSA, AMIGA LEMBRO-ME AGORA DE TODAS ELAS... DE SUA FISIONOMIA COM CÍLIOS DE MEL. Ah! muitas das vezes o amor pode desmoronar-se, do ar ausentar ausentar-se a poesia, a lua eclipsar-se, o tempo, ora o tempo perder a razão, mas a amizade sincera, não; ela constitui-se em uma espécie maravilhosa de ponte espiritual aonde você vai e volta a qualquer hora. Gracia por sua inestimável amizade! As vezes o mundo está para você nas antípodas do que desejou um dia... O amor não veio, a chuva secou, a inspiração fugiu, a lua na amplidão se enamorou de algum astro errante e partiu para muitas galáxias adiante. São coisas que se aprende, apreende sem lente, se enche sem enchente, te faz sentir ciente. No mais o ideal escorregadio permanece em sua prosa, e a canção suave não demora vai bater na sua porta... trazendo o hálito fresco de uma outra paixão! E a restauração de tudo e todos virá nas asas arcanas, abraços de união!
E as cachoeiras em queda livre continuam a despejar um turbilhão de sobressaltos na república federativa do Brasil, após as garantias quebradas o tal orçamento secreto volta à pauta do futuro governo, voltando ao seu nome pomposo de emendas do relator (tema por demais sensível ao congresso nacional), como afirmam os especialistas. E este assunto a gente já pode conjecturar que causará para Lula um mafuá sem precedentes. E não se estranhem se ele tiver que barganhar. Aliás sempre foi seu forte... Enfim o seu governo nem começou e já se antevê um cipoal de lascar o cano e a boia da frágil democracia brasileira. E a myrciaria cauliflora continua florescendo lá para as bandas do sertão de minha origem humilde sinalizando a passagem segura para Crisálida do Pirineus, oh Deus!
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