quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Yeshu'a, o melhor de todos os amigos... e o mais belo de todos os sorrisos

1. Um dia a doce Cafarnaum amanheceu alvoroçada, pois Jeshuá estava entre eles e declarara  dias antes em Jericó que suas delícias era estar com o filho dos homens. A majestade do mestre era visível, solene, sem aparato de grandezas, sem comitivas, guarda costas, propaganda, e coisas do gênero. E num segundo o povo intuiu quem Ele era  e a que viera. Aglomeravam no templo para ouvi-lo, traziam doentes, paralíticos e possessos e Ele a todos curava. Sua mansidão encantava, suas palavras tinham um quê indefinido de suavidade que a todos extasiava.

2. E uma voz saiu da multidão inflamando o ar: bem aventurado o ventre que te gerou e os seios que te amamentaram oh! grande Yeshu'a! E a resposta do Nazareno foi direta e simples, ampliando os horizontes da sua missão redentora. Sim! Ela é mais aventurada ainda porque ouviu minha palavra e a colocou em prática... No dia seguinte em Caná, nas bodas de  casamento iria realizar um estupendo milagre a pedido de Maria...

3 .E sua voz doce continuava ressoando qual cântico de harmonia universal: Vim para que tenham vida e vida em abundância... e quem beber da água que eu lhe der terá a vida eterna... O povo atento notou que doze homens rudes e compenetrados o seguiam, que o mestre não tinha alforje, cajado, nem bens materiais, mas falava com autoridade, e começaram a acreditar Nele e mesmo  a disputar entre si quem ia acolhê-los e dessedentar sua sede e a acalmar sua fome.

4. E Jeshuá conversava com eles, ouvia suas indagações e abrasava seus corações, em seguida punha-se a caminho, percorria com seus amigos as planícies solitárias da Judeia, os campos férteis da Samaria, o encantador vale do Cedron até se avizinhar das torres da cidade santa dos profetas.

5. Durante três anos palmilhou cada palmo de chão da Palestina, cada coração que se abria para ele, e vislumbrou o grande dia do acerto de contas com os juízos do Pai, e antevia a imolação a favor de seus amigos, o resgate final das garras do pecado primeiro, pressentia as rejeições dos ímpios, os atos de amor incondicional  dos justos da primeira era.

6. Outros que viriam e negariam sua divindade, que rejeitariam a incólume virgindade de sua mãe; viu também o esforço dos seus doze amigos em difundir seu reino até os confins do mundo, tantos e tantas que renunciariam a si mesmos, que seriam estraçalhados nas arenas romanas qual Inácio de Antioquia, também viu o Grande Pescador no madeiro suspenso, Paulo de Tarso degolado fora dos muros da altiva Roma.

7. Viu o jovem e médico Lucas, tornar-se um dos seus mais fervorosos seguidores, viu o evangelho ser espalhado para todo o mundo, viu o esforço de Inácio de Loyola, viu o tempo varrendo ambições, viu atos de generosidades, virtudes ocultas às grandes multidões e viu que um dia raiaria na terra resgatada pelo seu sangue divino, a tão sonhada paz, a  sintonia perfeita entre o céu e os homens ainda  nesta vida material.

8. Viu o nosso tempo congestionado de idéias tolas, de grandezas vazias, de miséria moral. Viu a solitária vida de muitos em meio a voz artificial das grandes cidades,os desvarios da política, as injustiças sociais, viu o homem se colocar no lugar do criador e legislar contra a vida dos nascituros. Viu a exploração sexual, a venda do corpo, a busca desenfreada pelo consumo, fama e bem estar.Viu gente maltratando os animais até não poder mais...

9. Viu tanta coisa alegre que iria acontecer, tanta tristeza que iria se abater sobre o planeta terra que criou nas primícias do tempo ao expulsar o caos do vazio e instaurar nele as belezas de sua criação. Viu tanta construção da palavra, tanta mentira e malogro, tanta gente açoitando o vento. Viu o livre e solto arbítrio, soprado pelo anjo decaído espalhar a consternação dos povos, o átomo vasculhado e enriquecido para a destruição da terra.

10. Jeshuá, o melhor de todos os amigos se viu pregado na cruz entre dois malfeitores na trágica sexta feira da Paixão, um blasfemo e o outro Dimas o bom penitente e Jeshuá exclamou contemplando todos os séculos: Tenho sede e sorriu o sorriso de todos os tempos, o sorriso mais alegre, mais sofrido, mais esperançoso que se pode imaginar, que as palavras possam definir.

11. Consumou seu sacrifício, aplacou a ira do Padre Eterno e já começava a contabilizar o lucro com o guardião tempo. Sim tudo seria diferente e quando fosse do agrado de seu Pai atrairia a si todas as coisas e sua vontade seria finalmente feita na plenitude que lhe é própria. Ah! se ia! Passariam o céu e a terra, mas nem um folha mais cairia sem o beneplácito divino.

12. A aparência do mal iria dominar as mentes e vida de muitos, mas aquele Yeshu'a que domina ventos e tempestades iria conduzir o tempo a seu agrado, mesmo que tudo parecesse o contrário, seus planos triunfariam um dia... Por isso a razão de seu belo sorriso na cruz que afagou o mundo todo...

Helder Tadeu Chaia Alvim

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