quarta-feira, 26 de outubro de 2011

O amigo solidário de Lily, chamado Maddison

1. Era uma vez uma cadela mimosa chamada Lily, vivia no seu reino Danmark, quando criança pode passear pelos parques floridos da primavera, brincar nas estações frias com outros da redondeza, contemplava orgulhosa   a igualdade de riqueza do mundo humano à sua volta, o carácter pacífico de seus habitantes, a pujança de sua economia, a educação em níveis de alta constatação social, a saúde robusta de seu povo, a justiça de seu parlamento, a constitucionalidade de seu regime de governo. Ela fazia planos de casar-se com um jovem canino de sua raça Gran Danois, morar em casinha branca, coberta de telha azul, de assoalho  vermelho, de gramado em volta, ter muitos filhotes e alegrar as tardes de folguedos da criançada de seu condado.

2. Tudo ia muito bem para ela, até que o infortúnio a colheu e ainda jovenzita teve seus olhos removidos e daí em diante não poderia mais realizar o que tanto suspirara. Mas, nem tudo estava perdido encontrou em Maddison um fiel amigo e escudeiro atento  na sua longa e irreversível escuridão, um amparo seguro de sua jornada sem a luz, sem enxergar a beleza das manhãs, os entardeceres de sua amada Dinamarca.

3. A amizade de verdade não é apenas prerrogativa dos seres humanos, mas também e até mais forte no mundo animal -  o peixe kinguio  é um belo exemplo- e agora com o Maddison, comove o coração até as lágrimas a saga atual do cão protegendo sua  irmã de espécie.

4. Pude presenciar lá por volta da década de 70 na Estância Pirineus de minha origem interiorana um fato desses, quando seu Norato voltava da venda do Juca Santana um pouco alto da 'mardita' do alambique numa noite de janeiro chuvosa, de enchente  e o riacho novo horizonte transbordando e encobrindo a ponte, seu cavalo empaca e não atravessa, ele cai debaixo do animal, e se não fosse a persistência do alazão em permanecer parado e o latido do seu cão Peri, teria sido arrastado pela correnteza do rio e se afogado. Meu avô naquela noite tardia estava atento ao movimento e chamou dois compadres seus, colonos amigos e foi prontamente socorrer o velho Norato. O caso acabou bem, o seu Norato abandonou a calibrina e morreu de velhice. E conheci, velho Norato, oh! sim!  uma lenda viva, seu inseparável cão Peri e pude galopar pelas pradarias no lombo do alazão Fumaça.

5. Aqui em São Paulo, a Grande Urbe dos contrastes astronômicos e sociais, a cidade que amo, que me agregou bondosamente e me adotou em igualdade de condições aos seus outros filhos, diariamente percebo a mesma realidade em se tratando de solidariedade. Sempre vejo um irmão carente e sem teto acompanhado de um simpático e vigilante cãozinho, que dividem a surrada cama, agasalho e escassa refeição entre si.

6. A Sagrada Escritura diz que quem encontrou um amigo sincero, achou um tesouro de inestimável valor espiritual, que nem as traças e os ladrões abocanham para si, pois tem ressonâncias eternas e comove o coração de Deus. Não fora o próprio Cristo Jesus que ao morrer na Cruz deixara sua Mãe Santíssima aos cuidados de seu discípulo e amigo amado João Evangelista?

7. Quem não tem um desses para confiar segredos? Apoiar no seu ombro de vez em quando? Repartir sonho ou confidenciar decepções? E lado a lado seguir em frente na persecução do mundo bom? E na hora da última travessia quem vai colher nossa derradeira lágrima e ouvir o desejo final?

8. A história do Cão Maddison é real, e pode ser a de cada um de nós. Foi extraída da página do Bol, que veiculou a reportagem em sua página na Internet em 24/10/2011, com 2 fotos ( uma de Maddison e a outra de Lily) :  " Cadela Dinamarquesa cega e seu cão guia aguardam potenciais novos donos no abrigo Shrewsbury Dogs Trus, na Inglaterra . Lily de seis anos de idade, teve seus olhos removidos quando era ainda filhote e é companheira de Maddison, de sete anos, que foi adestrado para ajudá-la a se comover. Centenas de pessoas ofereceram lar para os dois cães." 


9. Quem sabe hoje já encontraram um novo amigo, uma casa, ração saborosa, água na tirina de barro e muita e muita afeição. Boa Sorte amigos Lily e Maddison. Que o santo Poverello de Assis, conceda vida feliz, paz e bem  a dupla que comoveu o mundo...

                           " Guds hjaelp, folkets kaerlighed, Danmarks sturke"
               
Helder Tadeu Chaia Alvim

Um comentário:

Canjerana Alvim disse...

Amigos
Vejam que história comovente a de Lily e Maddison. Nem tudo está perdido debaixo dos sol pois ainda existe calor e solidariedade!!!
abraços de união
Helder