segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O nicho das boas intenções x momentos fugazes

o nicho das boas intenções e os momentos fugazes

1. Busca rimas perfeitas? Elas não existem, desculpe-me desapontá-lo. O esforço incessante do poeta não desmerece sua intenção velada de parnasiar a criação literária. Seus versos estão em construção, se parecem acabados, o mais das vezes inacabados estão.

2.Neste contexto a profusão de palavras encobre o objetivo sonhado.Propala-se linhas e mais linhas em métricas livres. Se o lirismo declamado agrada aos ouvidos, no entanto encontra-se longe de plasmar o mundo bom.

3.Mesmo sem querer deixa os traços de seu tempo, denota a asa chamuscada com imprefeições, a mortalidade o rodeia. Desenha a vida com palavras bonitas, mas está inserido na mesma realidade que foge a cada instante de suas mãos.

4. Mas a função de pincelar versos vai continuar inveterada em sua mente, ensaiando a eloquencia muda, vai prosseguir livre embalando a escrita, vai permanecer leve impulsionando as letras nômades, fertilizando sua imaginação solta de poeta prosador.

5. Será mente iluminada? Não! Então é um ser extraordinário que paira acima dos mortais? Também não! Ele é apenas amante da poesia e priva com ela momentos fugazes, capazes sim de encantar, brilhar, não mais que isso, digo!

6. O que o poeta gosta mesmo é de articular palavras, juntar idéias, brincar com o verbo e depois oferecer seu poema ao caderno amplo da sociedade humana. Há quem diga que é um dom que recebeu do criador, acho plausível.

7.A atividade de versar encontra-se no número das mais antigas da história. É tão concreta no seu ritmo que assunta o pensamento mais recôndito da alma humana. É tão abstrata que seu sentido assusta os desavisados.

8. É bom tê-la por perto, sentí-la por certo. A poesia dá côr e gosto à vida, embala as melodias dos artistas, tem a capacidade descontraída de fazer um leve nas tardias horas de melancolia - quando a gente sente falta do paraiso perdido... Quando um sentimento indefinido de solidão, desamparo e tristeza invade nosso coração humano.

9.Eu passo um dia, esta prosa também. Chegará o tempo que o papel findará sua missão e com ele a caneta da tinta generosa. A poesia vai permanecer eterna...

10. Os versos perfeitos existiram um dia na boca do Redentor Nazareno: - Amai-vos uns aos outros... Infelizmente eles se perderam na atualidade prática de nossos dias. Mas a ascética mística  encontra-se a disposição nas páginas do Evangelho. A mecha que ainda fumega há mais de dois mil anos, demonstra que a poesia divina permanece perene ainda hoje e não vai desaparecer assaz facilmente.

11. Se o nicho das boas intenções anda escasso, é um fato, resta a quem interessar a possibilidade da ajuda valiosa da Rosa Mística, atenta ao pedido e a probabilidade de um feliz deferimento. A humanidade atravessa uma hora difícil, não tem mais vinho, o tonel encontra-se avariado, a terra no limite de sua exaustão climática. -Ah! fazei tudo o que - o Grande Poeta dos versos perdidos- disser...

12. Na inspiração das horas calmas, na agitação das manhãs chuvosas de janeiro, à noite no acalanto do travesseiro, no viés descompassado das situações tristes, nas horas das monções incertas, hão de surgir sempre e sempre saidas e soluções.

13. A fé remove obstáculos, quebra os tentáculos do mal, se alia ao bem para a consecução do mundo bom das certezas de Deus.O oráculo divino deixou dito na eloquência profética de um Deus Uno e Trino: - Sem mim nada podeis fazer - sine me  nihil potest facere...

Helder Tadeu Chaia Alvim

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