divagações
Ah! O poeta coitado achava em sua pretensão lírica que sabia amar, mas neste mar revolto não lhe ensinaram que devia saber nadar antes de navegar. Então ele se dispôs, para passar o tempo, tentar desvendar os segredos do mar antes de novamente amar. E começou a cantar e cantar forte o seu pesar, no intuito de se fazer entender por aquele oceano de águas. E em uma manhã de tempestuoso vento norte disse ao mar: - amigo agora sei por que são fugazes o som de seus vagalhões. Então o ente mar aquiesceu às suas palavras e exclamou: - Caro poeta o seu atrevimento é procedente. Já me apaixonei pela bela lua nos solstícios da minha primavera e não fora correspondido pois a dama de meus encômios dourados se fez de surda aos meus galanteios e hoje decepcionada de suas aventuras com o astro rei curte a solidão pranteada. Fiquei atônito com tal revelação e disfarcei uma lágrima e um soluço mal contido. Agora entendi o amargor de suas águas. Ele foi convincente e pensei baixinho: - eu que venho de onde venho tenho também minhas neuras a respeito do amor não correspondido por esta razão me afasto da multidão e ' fecho minha pérolas em conchas e não procuro saber o que perdi'. E em minha amargura me refúgio nos braços da poesia, e procuro dialogar com o tempo, o vento e o mar, meu camarada. E lá em terra firme a brisa matutina continua a balançar as folhas dos eucaliptos e os mandatários em seus confortáveis falos de enriquecimento ilícito... à custa do povo! E o mar parecia me dizer ora alto, ora sonoro: - mas poeta e se ninguém ler o que escreve, e antes de eu redargui ele sentenciou: - ó doido, não faz mal, pois suas palavras são para sentir...
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